|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
XADREZ POLÍTICO
PT e PSDB aguardam definições do 2º turno para iniciar parcerias; PFL acena para tucanos e PC do B, PTB e PL mantêm-se com petistas
Eleições municipais traçam alianças de 2006
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O principal efeito das eleições
municipais nas presidenciais não
é sobre candidaturas, mas sobre
as alianças partidárias que vão
prevalecer na disputa de 2006, cimentando dois blocos, um contra
e outro a favor da reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governista, puxado pelo PT.
O oposicionista, pelo PSDB.
Confirmada a tendência de derrota do PT em São Paulo e em
Porto Alegre e de uma disputa difícil em Curitiba, os resultados de
hoje podem enfraquecer a aliança
governista e reforçar a oposição e
as resistências internas dos aliados ao Planalto. Se José Serra ganhar em São Paulo, o governador
tucano Geraldo Alckmin (SP) sai
com vários pontos à frente como
candidato oposicionista.
"As eleições municipais podem
não decidir as eleições de 2006,
mas definem a formação das parcerias que vão disputá-las", disse
o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que tenta
reaproximar o seu partido do
PSDB para formar uma frente na
corrida à Presidência.
"Eles [os tucanos] vão colar no
Alckmin, nós vamos colar no César Maia [prefeito reeleito no Rio
pelo PFL] e, no final de 2005, vamos sentar para ver como fica."
Para contrabalançar, Fernando
Pimentel (PT) foi reeleito no primeiro turno em Belo Horizonte,
mantendo uma trincheira importante para o partido no Sudeste.
Para o presidente do PT, José
Genoino, é cedo para qualquer
análise das urnas, mas uma coisa
é certa: "O que há no país não é
um bipartidarismo, como andam
dizendo, mas sim um pluripartidarismo consistente".
Apesar disso, ele admite que
houve uma polarização muito
acirrada entre petistas e tucanos:
"O PSDB é a alternativa de poder
ao PT e foi responsável pela maior
campanha anti-PT nas eleições
municipais. Muito mais do que o
PFL, por exemplo", disse. Apesar
disso, uma curiosidade: o PT
apoiou tucanos em 275 cidades, e
o PSDB apoiou petistas em 131.
Na opinião de Bornhausen, a
sucessão presidencial começa assim que a municipal acabar: "As
eleições municipais mostram que
o Lula não é imbatível, ou melhor,
é "batível'", disse ele à Folha.
Genoino discorda: "Não foi
uma análise. Foi uma torcida do
Bornhausen", disse, rindo. O PT
conquistou posições no Nordeste,
no Norte e no Centro-Oeste, o
que, diz ele, consolida "um mosaico geopolítico no país inteiro".
No primeiro turno, o PT ganhou seis capitais e foi quem mais
teve votos. No segundo, o feito
pode não se repetir, porque a reeleição parecia ameaçada em São
Paulo e Porto Alegre, onde o partido domina há 16 anos.
Alianças
Na avaliação de tucanos e pefelistas, expandir prefeituras em pequenas capitais não compensa a
perda das grandes e, nesse cenário, o PT pode perder aliados.
De Bornhausen, cáustico: "Se o
PT perder em São Paulo e em Porto Alegre, o PMDB vai descolar do
governo e ficar sem candidato em
2006. No final, reúne todos e decide: "Vamos com quem ganhou'".
Mas tanto os núcleos de oposição como os de governo concordam que o PTB, o PC do B e o PL
se agregam definitivamente ao
Planalto e ao projeto de poder do
PT, o PFL se reaproxima do
PSDB, e os dois blocos vão disputar o PDT e o PPS (que discutem
uma aliança a dois), o PSB e o PP.
Caso curioso é o do PP, que parece sem bússola depois que o seu
principal líder, Paulo Maluf, teve
o menor índice de votos de sua
história. Na quinta passada, governadores tucanos foram prestigiar a campanha do líder do PP na
Câmara, Odelmo Leão (MG),
candidato a prefeito de Uberlândia. Foram Alckmin, Aécio Neves
(MG) e Marconi Perillo (GO). É o
espólio malufista em jogo.
Além de Alckmin, outros presidenciáveis tucanos são Aécio Neves, que foi presidente da Câmara
e tem trânsito nacional, e o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Mas este vai completar
76 anos em 2006 e ganhou de Lula
em 1994 e 1998 e não correria o
risco de uma derrota agora.
Correndo por fora, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho
e o atual ministro Ciro Gomes
(Integração Nacional) já concorreram em 2002 e são sempre alternativas lembradas. Ambos, porém, têm dificuldades de sigla.
Texto Anterior: Artigo: Onde mora a rejeição a Marta? Próximo Texto: Após eleição, disputa no PT será inevitável Índice
|