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Após eleição, disputa no PT será inevitável
DA COLUNISTA DA FOLHA
O comando nacional petista
abriu a eleição municipal de São
Paulo anunciando extra-oficialmente um compromisso prévio
dos demais postulantes a favor da
candidatura do senador Aloizio
Mercadante para o governo do
Estado em 2006. O partido, porém, fecha a eleição mudo em relação ao futuro.
O motivo é o papel que a direção estadual e a própria prefeita
Marta Suplicy terão não só nas
discussões prévias como principalmente na definição do nome
do partido para a sucessão do tucano Geraldo Alckmin. Mesmo se
perder hoje, Marta amanhece
amanhã com um sólido patrimônio de votos e como pré-candidata naturalmente forte ao governo.
Ao alardear o apoio prévio a
Mercadante, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o ministro
José Dirceu (Casa Civil), o presidente nacional do partido, José
Genoino, e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, além do ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) tinham em mente evitar notícias e versões sobre
brigas internas.
Acabada a eleição municipal,
porém, essas brigas serão inevitáveis. Até porque não são eles, os
"caciques de Brasília", quem decidem as chapas, mas sim o velho
sistema de prévias. As bases poderão preferir Marta, mesmo que ela
ganhe um ministério (o que não é
provável) ou uma embaixada no
exterior. Pergunta da Folha a Genoino na sexta passada: "O senador Mercadante é candidato?"
Resposta do presidente do PT:
"Não é hora de discutir isso".
Se o PT tem excesso de nomes,
ao PSDB faltam alternativas. São
muitos nomes, nenhum com consenso interno aliado a densidade
eleitoral, além do candidato a prefeito, José Serra.
Caso Serra vença a eleição em
São Paulo hoje, ele estará engessado no cargo, não só porque comprometeu a palavra como também porque seria temerário trocar a prefeitura da mais importante capital do país por uma eleição incerta e não sabida.
Além dele, o PSDB ostenta muitos nomes, nenhum com aura de
"candidato natural". O primeiro
deles é o do ex-deputado federal e
ex-presidente nacional do partido
José Aníbal, que acaba de ser o vereador mais votado na capital,
com 166 mil votos.
Outro nome é o do ex-ministro
Aloyzio Nunes Ferreira, que trabalhou muito tempo com Orestes
Quércia e hoje está próximo a Serra. Como a decisão passa obrigatoriamente pelo Palácio dos Bandeirantes, não é prudente desconsiderar dois secretários de Alckmin, Gabriel Chalita (Educação) e
Saulo Abreu Ramos (Segurança).
Há, ainda, quem não descarte a
candidatura de Paulo Maluf pelo
PP. Apesar das sucessivas derrotas e de sair da eleição municipal
chamuscado pelo seu pior desempenho eleitoral, Maluf mantém o
controle da máquina do partido e
uma personalidade determinada.
Se entrar, porém, não será para
vencer, mas para evitar a polarização definitiva entre PT e PSDB em
São Paulo.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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