São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

DIA SEGUINTE

Presidente pretende fazer aceno ao principal partido de oposição, independentemente do resultado da disputa em São Paulo

Lula tentará se aproximar do PSDB após eleição

KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

Com o término hoje das eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um aceno ao PSDB para tentar se aproximar do principal partido de oposição, qualquer que seja o resultado em São Paulo. E começará a discutir internamente a conveniência e abrangência de eventual reforma ministerial para reorganizar as forças políticas que o apóiam.
Esses movimentos de Lula serão ações para tentar resolver uma "agenda de problemas" que ele avalia como inevitável. Parte desses problemas tem como origem a ação do PT nas eleições, nas quais o partido fez poucas concessões e se engalfinhou com setores da oposição "simpáticos" a Lula.
Se José Serra (PSDB) derrotar Marta Suplicy (PT) em São Paulo, Lula o convidará para uma audiência no Planalto, a exemplo do que fez com Cesar Maia (PFL), prefeito do Rio reeleito no primeiro turno. Se Marta vencer, o presidente atuará para que petistas como José Dirceu (Casa Civil) evitem tripudiar sobre o PSDB.
O governador de Minas, Aécio Neves, também será convidado para um encontro. Aécio é o tucano com melhor interlocução com Lula e, apesar de petardos que recebeu de Dirceu, deverá ter uma linha menos dura em relação ao governo petista. Sobre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tucano que já se coloca como o anti-Lula número 1, receberá tratamento mais cuidadoso. Encontro dependerá de bom pretexto oficial e da disposição "oposicionista" que o governador e o PSDB paulista demonstrarão.
Em nome de menos turbulências para sua "governabilidade", Lula deixará claro que a sucessão de 2006 não começa já. Ele avalia que é difícil, num processo eleitoral, evitar agressões acima do limite, mas se esforçará para controlar petistas que defendem linha agressiva em relação ao PSDB.
Nesse contexto, um dos primeiros problemas que enfrentará será tentar negociar um acordo para aprovar o projeto das Parcerias Público-Privadas que prestigie o senador Tasso Jereissati (CE), tucano que tem sido pedra no sapato do Planalto neste assunto.

Reeleição no Congresso
Há problemas na base de sustentação do governo no Congresso que vão desde medidas provisórias que trancam a pauta a uma solução para o ainda insepulto problema da emenda constitucional que permitiria a reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
Lula pretende se reunir com a cúpula do PMDB nos próximos dias para tentar chegar a um acordo. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), é contra e cobra acordo pelo qual teria o direito de suceder Sarney.
Aliados como PTB, PSB e PC do B reclamam do governo e do PT, desde atraso na liberação de verbas à falta de apoio eleitoral em capitais e grandes cidades onde tinham mais chances que petistas.
Operação para tentar construir maioria sólida no Senado privilegiará o PTB como abrigo de políticos que queiram se aproximar do Planalto. Mas Lula não quer fazer operação que deixe o PMDB inseguro nem que signifique afronta à oposição.

Reforma ministerial
Novas mudanças no primeiro escalão é assunto que irrita Lula. Ele avalia que terá de fazer ajustes, alguns com troca de ministros e outros no segundo escalão, mas não quer repetir o erro da última reforma: o assunto ficou meses na imprensa e paralisou setores da administração. Por ora, ele nega a intenção de mudar.
É grande a probabilidade de o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), virar ministro na área social. Diminuiu a chance de Marta virar ministra em caso de derrota para Serra. O PT ainda sonha em tirar Aldo Rebelo da Coordenação Política, mas Lula resiste. E José Viegas (Defesa) é forte candidato a virar embaixador na Europa.


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