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ELEIÇÕES 2004
DIA SEGUINTE
Presidente pretende fazer aceno ao principal partido de oposição, independentemente do resultado da disputa em São Paulo
Lula tentará se aproximar do PSDB após eleição
KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO
Com o término hoje das eleições
municipais, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fará um aceno
ao PSDB para tentar se aproximar
do principal partido de oposição,
qualquer que seja o resultado em
São Paulo. E começará a discutir
internamente a conveniência e
abrangência de eventual reforma
ministerial para reorganizar as
forças políticas que o apóiam.
Esses movimentos de Lula serão
ações para tentar resolver uma
"agenda de problemas" que ele
avalia como inevitável. Parte desses problemas tem como origem a
ação do PT nas eleições, nas quais
o partido fez poucas concessões e
se engalfinhou com setores da
oposição "simpáticos" a Lula.
Se José Serra (PSDB) derrotar
Marta Suplicy (PT) em São Paulo,
Lula o convidará para uma audiência no Planalto, a exemplo do
que fez com Cesar Maia (PFL),
prefeito do Rio reeleito no primeiro turno. Se Marta vencer, o presidente atuará para que petistas como José Dirceu (Casa Civil) evitem tripudiar sobre o PSDB.
O governador de Minas, Aécio
Neves, também será convidado
para um encontro. Aécio é o tucano com melhor interlocução com
Lula e, apesar de petardos que recebeu de Dirceu, deverá ter uma
linha menos dura em relação ao
governo petista. Sobre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tucano que já se coloca como
o anti-Lula número 1, receberá
tratamento mais cuidadoso. Encontro dependerá de bom pretexto oficial e da disposição "oposicionista" que o governador e o
PSDB paulista demonstrarão.
Em nome de menos turbulências para sua "governabilidade",
Lula deixará claro que a sucessão
de 2006 não começa já. Ele avalia
que é difícil, num processo eleitoral, evitar agressões acima do limite, mas se esforçará para controlar petistas que defendem linha
agressiva em relação ao PSDB.
Nesse contexto, um dos primeiros problemas que enfrentará será tentar negociar um acordo para
aprovar o projeto das Parcerias
Público-Privadas que prestigie o
senador Tasso Jereissati (CE), tucano que tem sido pedra no sapato do Planalto neste assunto.
Reeleição no Congresso
Há problemas na base de sustentação do governo no Congresso que vão desde medidas provisórias que trancam a pauta a uma
solução para o ainda insepulto
problema da emenda constitucional que permitiria a reeleição dos
presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
Lula pretende se reunir com a
cúpula do PMDB nos próximos
dias para tentar chegar a um acordo. O líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), é contra e
cobra acordo pelo qual teria o direito de suceder Sarney.
Aliados como PTB, PSB e PC do
B reclamam do governo e do PT,
desde atraso na liberação de verbas à falta de apoio eleitoral em
capitais e grandes cidades onde tinham mais chances que petistas.
Operação para tentar construir
maioria sólida no Senado privilegiará o PTB como abrigo de políticos que queiram se aproximar
do Planalto. Mas Lula não quer fazer operação que deixe o PMDB
inseguro nem que signifique
afronta à oposição.
Reforma ministerial
Novas mudanças no primeiro
escalão é assunto que irrita Lula.
Ele avalia que terá de fazer ajustes,
alguns com troca de ministros e
outros no segundo escalão, mas
não quer repetir o erro da última
reforma: o assunto ficou meses na
imprensa e paralisou setores da
administração. Por ora, ele nega a
intenção de mudar.
É grande a probabilidade de o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), virar ministro na área social. Diminuiu a
chance de Marta virar ministra
em caso de derrota para Serra. O
PT ainda sonha em tirar Aldo Rebelo da Coordenação Política,
mas Lula resiste. E José Viegas
(Defesa) é forte candidato a virar
embaixador na Europa.
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