São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

BRASIL AFORA

Segundo pesquisas, tucanos e petistas não vão aumentar significativamente quantidade de cidades governadas

PT e PSDB devem manter número de prefeituras

FERNANDO RODRIGUES
EM SÃO PAULO

Maiores estrelas do processo eleitoral por obterem a soma mais expressiva de votos para prefeito no primeiro turno em todo o país, PT e PSDB não devem sair das disputas de hoje com um número de grandes municípios governados muito superior ao que já têm, segundo prevêem as pesquisas disponíveis.
Estão marcados para hoje os segundos turnos em 44 cidades que juntas abrigam 27.320.458 eleitores, o equivalente a 22,8% do eleitorado total do país. O segundo turno ocorre em cidades com mais de 200 mil eleitores onde nenhum dos candidatos obteve mais de 50% dos votos válidos no último dia 3.
Para os partidos políticos, um dos termômetros de desempenho mais relevante é o resultado de suas candidaturas no grupo das 26 capitais e 70 municípios com mais de 150 mil eleitores. O PT tem 29 prefeituras nesse universo de 96 localidades.
De acordo com os resultados do primeiro turno e conforme as previsões das pesquisas eleitorais disponíveis, os petistas devem governar de 25 a 30 desses 96 municípios. Ficaram mais ou menos do tamanho que têm hoje.
O PSDB tem no momento as prefeituras de 19 cidades grandes. Com o que já ganhou no primeiro turno e mais as previsões dos levantamentos eleitorais, tem chance de ficar com 18 a 22 cidades.
Quando se trata apenas de capitais de Estado, O PT governa hoje oito dessas cidades, contra apenas três do PSDB. Os petistas já garantiram seis capitais no primeiro turno. Os tucanos, nenhuma.
O fator de desequilíbrio é que o PSDB ameaça a hegemonia petista na principal capital do país, São Paulo. Há também tucanos disputando o segundo turno em outras seis capitais.

País inteiro
Quando se observa o desempenho em todo o país, o PT é o partido que mais obteve votos para seus candidatos a prefeito no primeiro turno. Foram 16,3 milhões, ou 17,15% do total do Brasil. A sigla conquistou 400 prefeituras e teve o maior aumento percentual entre as grandes agremiações.
O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está com a mesma sorte em grandes centros urbanos. A rigor, os petistas poderiam chegar a até 36 grandes cidades governadas. Para isso, seria necessário que vencessem todas as 24 disputas de segundo turno em que concorrem hoje. Até a semana passada, as pesquisas mostravam petistas favoritos em 13 a 18 cidades, dependendo do levantamento considerado.
O PT conta com uma "onda vermelha" em várias capitais, como tem dito o presidente nacional da sigla, José Genoino. Sem esse "sprint" final, a sigla poderá terminar esta eleição nos grandes centros urbanos em situação igual ou até mesmo pior em relação a que conquistou em 2000.
Os petistas se salvam se conseguirem manter suas duas capitais mais relevantes em disputa neste segundo turno: São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Até a semana passada, o partido não podia ser apontado como favorito em nenhuma das duas cidades.
O PSDB, maior opositor dos petistas, entra no segundo turno com a esperança de conquistar São Paulo. Ocorre que os tucanos não conseguiram no primeiro turno garantir as duas maiores cidades onde já são governo: Osasco (SP) e Teresina (PI). Em Osasco, que tem o 20º maior eleitorado do país, a disputa é acirrada e existe a chance de um petista ficar com a prefeitura.
No momento, os tucanos governam 19 das cidades mais importantes do país. Conquistaram dez no primeiro turno e disputam em outras 20. De acordo com as pesquisas, têm chances reais de saírem vitoriosos hoje em dez. Terminariam com um número de municípios parecido com o atual. O que pode desequilibrar essa conta é se José Serra vencer Marta Suplicy na disputa paulistana.
Outro cálculo importante a ser feito é o número de cidades grandes já governadas que cada partido conseguirá manter -a taxa de reeleição. Dos seus atuais 29 municípios relevantes, o PT só garantiu oito no primeiro turno.
Além disso, petistas já perderam definitivamente as seguintes cidades onde são governo hoje: Blumenau (SC), Campina Grande (PB), Campinas (SP), Franca (SP), Governador Valadares (MG), Ipatinga (MG), Piracicaba (SP) e Ribeirão Preto (SP).
No caso dos tucanos, a taxa de reeleição é maior que a dos petistas nos grandes centros. Eles já conseguiram se manter em oito das 19 grandes cidades onde são governo no momento. Só perderam em definitivo cinco dessas localidades no primeiro turno: Belford Roxo (RJ), João Pessoa (PB), Limeira (SP), Taboão da Serra (SP) e Uberaba (MG).

Outras siglas
Entre os partidos que se alinham ao Palácio do Planalto, o PMDB aparece com um potencial de atingir até 17 grandes cidades com a eleição de hoje. Os levantamentos eleitorais, entretanto, mostram que só há candidatos peemedebistas com chances reais de vitória em cinco localidades.
A terceira sigla governista mais bem sucedida é o PSB, que pode atingir até dez grandes municípios governados, com 3,8 milhões de eleitores. O PPS pode chegar a um máximo de nove cidades no grupo das 96 mais relevantes.
O PL, partido do vice-presidente da República, José Alencar, melhorou muito seu desempenho pelo interior do país. Pulou de 234 prefeitos eleitos em 2000 para 381 conquistados no último dia 3.
Ocorre que o PL continua sendo uma sigla de desempenho fraco em centros urbanos. Só ganhou duas cidades no grupo das 96 mais relevantes até agora: Uberaba (MG), com a eleição do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, e Itaquaquecetuba (SP). Hoje, disputa o segundo turno em apenas um município: Uberlândia (MG).
No campo da oposição, depois do PSDB, o segundo partido em desempenho é o PDT, com a possibilidade de atingir até 13 grandes cidades.
O PDT fica à frente do PFL que, em tese, pode chegar a 11 cidades de relevância depois das disputas de hoje. As pesquisas disponíveis mostram um cenário menos favorável aos pefelistas. A sigla não é favorita isolada em nenhum dos segundos turnos em que está envolvida. Pelo contrário, há indicação de várias derrotas.
O principal revés pefelista deve ocorrer em Salvador (BA), com a derrota do candidato César Borges para João Henrique (PDT). Borges foi uma escolha pessoal do senador Antonio Carlos Magalhães, um dos principais caciques do PFL, hoje em situação delicada dentro do partido porque até agora preferiu se alinhar ao governo Lula no plano nacional


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