São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2005

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PAINEL

Vamos para cima
O Planalto, que ressuscitou no fim de semana a tese da "grande conspiração conservadora", fermenta agora o seu subproduto: a idéia de mobilizar sindicatos e movimentos sociais para defender o governo Lula.

Lula lá
Com base em estudo feito pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) e à luz das revelações do final de semana, a oposição estuda convidar Lula para depor na CPI dos Correios. O presidente iria na condição de testemunha.

Pedra filosofal
"A idéia não é constranger o presidente, mas pedir a ajuda de Lula para explicar temas como o financiamento irregular de campanha e a relação do governo com Marcos Valério", diz Fruet.

Sem meio-termo
Do presidente do PMDB, Michel Temer, sobre a denúncia de que dinheiro vindo de Cuba alimentou o caixa da campanha de Lula: "Diferentemente de outras ocasiões, nesta o presidente há de fazer uma declaração pessoal, sem intermediários, para evitar que a crise se agrave. É preciso esclarecimento total".

Histórico
Personagem do "caso Cuba", Vladimir Poleto, ex-funcionário da gestão petista em Ribeirão, foi um dos investigados da CPI da Câmara da cidade que apontou um rombo de R$ 24 mi.

Corrida maluca
Expoentes da truculência no trato com PSDB e PFL, os ex-sindicalistas Ricardo Berzoini (presidente do PT) e Luiz Marinho (ministro do Trabalho) formam uma dupla. Segundo a oposição, são os Irmãos Rocha do governo Lula.

Sossega-leão
Já o ministro Jaques Wagner (Coordenação Política) morde e assopra. Se morder demais, adversários ameaçam investigar suas relações com a empreiteira GDK, que deu o célebre Land Rover a Silvio Pereira.

Fala...
Dados da quebra de sigilo telefônico de Marcos Valério e de suas agências mostram intensa comunicação entre o empresário e o Banco Central, onde ele fez lobby em favor do Banco Rural. Foram 29 chamadas da SMPB para o BC, todas para a Diretoria de Fiscalização.
... que eu te escuto
Há ainda uma ligação da Multi-Action, empresa de eventos de Valério, para a chefia de meio circulante do BC, e quatro feitas pelo escritório do sócio de Valério Rogério Tolentino, sendo duas para a Diretoria de Fiscalização e duas para a representação do banco em São Paulo.
Mão dupla
A quebra de sigilo também mostra que havia o fluxo contrário nas conversas entre as empresas de Valério e o Banco Central. O BC contatou a SMPB 34 vezes. Dessas, 30 chamadas partiram do tronco central e 4 da Diretoria de Fiscalização.
À disposição
Sem pedir licença a José Serra ou a Geraldo Alckmin, o ex-ministro da Educação de FHC, Paulo Renato de Souza, enviou carta aos membros do Diretório Estadual do PSDB paulista se apresentando como pré-candidato à sucessão do governador.
Pé na estrada
Outro que está em pré-campanha aberta é o vereador paulistano José Aníbal, o mais bem colocado em pesquisa feita pelo partido, porém muito atrás dos petistas Marta Suplicy e Aloizio Mercadante. Serra e Alckmin acompanham à distância.
Quase-santo
Com pesquisa em mãos, o PSB concluiu que a novela de quase dois anos de sua cassação deu a João Capiberibe a imagem de mártir no Amapá. Diz a sigla que, se ele for mesmo candidato ao Senado, José Sarney (PMDB-AP) terá com que se preocupar.
TIROTEIO

Da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) sobre o comportamento do PSDB nos ataques ao governo Lula:
-Os tucanos adotaram a tática de atirar primeiro para depois perguntar quem era. Vamos aproveitar este "hallowen" para tirar do armário os cadáveres de suas macabras contabilidades de campanha.

CONTRAPONTO

Bang-bang

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, discutia na semana passada com sindicalistas uma extensa pauta de reivindicações dos trabalhadores. Logo na primeira confusão do encontro, ele se saiu com a seguinte expressão:
-Calma, pessoal, vamos abater um índio por vez.
A reunião seguiu, tratando da desoneração de produtos da construção civil, mas não demorou para outro assunto surgir.
-Calma, gente, um índio de cada vez-, repetiu Furlan.
Na terceira vez que o ministro disse a frase, João Carlos Gonçalves, o Juruna, representante da Força Sindical, descendente de índios, não se agüentou:
-Ministro, será que não dá para a gente abater um mocinho ou um bandeirante desta vez?
Em meio às risadas, Furlan, constrangido, se explicou:
-A expressão é comum no Sul, não tem preconceito.

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