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JANIO DE FREITAS
O melhor sinal
Thomaz Bastos foi o ministro mais importante para Lula; talvez por isso, é o mais injustiçado pela oposição
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INICIADA A FASE das especulações
e criações jornalísticas sobre a
formação do futuro ministério,
a primeira informação que foge a essa regra e tem a chancela de autenticidade é, apesar de incompleta, a
melhor possível. É a admissão do
ministro Márcio Thomaz Bastos de
reconsiderar a decisão, trazida desde a posse, de deixar o governo ao
fim do primeiro mandato de Lula.
Ao longo destes quase quatro
anos, Márcio Thomaz Bastos foi o
ministro mais importante para Lula, pela contribuição que deu nas situações de decisão presidencial
mais delicada ou complexa, sem distinção da área governamental envolvida. Talvez por isso mesmo, é o
ministro mais injustiçado e difamado por integrantes do PSDB, PFL e
PPS.
O episódio da crise e afastamento
de Antonio Palocci é exemplar. Márcio Thomaz Bastos foi longamente
acusado de orientar providências
defensivas de Palocci, agir na Polícia
Federal contra o caseiro Francenildo, acobertar implicados na quebra
de sigilo bancário, e mais atos assim.
O pouco que vazou da primeira e
mais séria reunião convocada por
Lula, para exame da crise Palocci
que apenas começara, trouxe informações de que já naquela altura o
ministro da Justiça aconselhou e insistiu no afastamento de Palocci.
Como Lula fez, em tempo de limitar
os comprometimentos com as ilegalidades praticadas e induzidas pelo
ministro da Fazenda. A reação de
Palocci produziu, na reunião, um incidente que, consta, não mais se dissolveria.
Várias outras ocasiões tiveram atitudes idênticas às da crise Palocci,
tanto da parte de Thomaz Bastos como de parte dos que falam por aqueles três partidos. Mas seu desempenho no Ministério da Justiça não é
menos importante, para o país, do
que é, para Lula, o aconselhamento
inteligente e sensato. Está no jogo
político a repetida acusação de oposicionistas ao ministro, por exemplo, por não construir os presídios
prometidos e investir apenas 9% da
verba orçamentária para o Plano
Nacional de Segurança. Mas a oposição sabe, e o jornalismo deveria saber e dizer, que as construções, o
Plano e outras atividades projetadas
do Ministério da Justiça foram impedidos pela retenção das respectivas verbas, ordenada por Antonio
Palocci. O tão poupado Palocci.
Ainda assim, o que Thomaz Bastos fez no Ministério da Justiça não
foi apenas dotar o Brasil, pela primeira vez, de uma Polícia Federal
digna do nome. A permanência do
ministro depende de Lula e, neste
caso, não contará com o aconselhamento de Márcio Thomaz Bastos.
Nem seria preciso, para a única decisão cabível.
Está aí
O historiador Boris Fausto nega
propósitos de impeachment, por ação
judicial, que foram objeto de artigos
aqui, de Tereza Cruvinel em "O Globo" e de outras referências. É possível
que a descrença, embora menos enfática e mais delicada, alcance outros leitores. Se posso ajudá-los, informo que
o presidente da República e o ministro
da Justiça até já apresentaram defesas
escritas em processos que pretendem
sua incriminação na compra do dossiê, crime eleitoral capaz de provocar
impeachment. A iniciativa judicial é
dos dirigentes da oposição.
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