|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Modelo buscava
crescimento
"para dentro"
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os economistas Luiz Carlos Bresser-Pereira e Fernando Cardim apresentam
modelos de um "novo desenvolvimentismo" econômico
parecidos -no que propõem
e nas semelhanças e diferenças em relação ao nacional-desenvolvimentismo que vigorou no país, grosso modo,
entre as décadas de 30 e 70.
Cardim, professor de economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que, no nacional-desenvolvimentismo, "as
duas palavras eram significativas". "Nacional", porque
aquele modelo implicava
"muitas vezes um desenvolvimento para dentro".
Tratava-se então de deixar
para trás o modelo de economia baseado em exportações
e promover a industrialização para o mercado interno.
"Desenvolvimentismo"
por ser um "processo que
não ocorre naturalmente,
mas que tem que ser promovido [pelo Estado]".
A primeira semelhança e a
primeira diferença entre o
"antigo" e o "novo" desenvolvimentismo viria desse ponto. Como em meados do século 20, o novo desenvolvimentismo entende que não
basta "aplainar o terreno,
acabar com a inflação e fazer
reformas microeconômicas"
para permitir que o crescimento econômico ocorra.
Os novos desenvolvimentistas defendem a intervenção do Estado para promover o crescimento, mas não
nos moldes antigos, fundado
nas grandes estatais e nos investimentos diretos.
Aqui aparece a segunda diferença. Segundo Cardim e
Bresser -que apresentou no
encontro da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) deste ano um
trabalho sobre o tema-, não
se trata mais de promover
um desenvolvimento "autárquico", mas baseado nas exportações de produtos de valor agregado, a exemplo do
que fazem países asiáticos.
Aqui entra o Estado. Como
diz Bresser no seu texto "O
Novo Desenvolvimentismo e
a Ortodoxia Convencional":
"Se o país adota essa estratégia, as autoridades econômicas, que estão fazendo política industrial em favor de
suas empresas, passam a ter
um critério de eficiência em
que se basear: só as empresas
eficientes o bastante para exportar serão beneficiadas".
Diferentemente do antigo
desenvolvimentismo, autores como Bresser e Cardim
defendem a necessidade de
ajuste fiscal, ou seja, de que o
Estado brasileiro gaste menos para diminuir a dívida.
Ao contrário dos ortodoxos, porém, entendem que
uma maneira de fazê-lo é diminuindo os gastos com a dívida a partir de uma diminuição da taxa de juros básica.
Para Cardim, tal modelo se
parece com o que é aventado
por ministros como Tarso
Genro. Ele se diz, no entanto,
pessimista quanto às chances de Lula adotar essa linha.
Tudo depende agora da decisão do presidente, afirma.
"Resta esperar o presidente
apontar para algum lugar. Se
continua a apontar para todos os lados e não toma uma
decisão, não muda nada."
Texto Anterior: Eleições 2006/Rumos da economia: Planalto divulga nota para conter rumores sobre saída de Mantega Próximo Texto: Desenvolvimentismo vira mais retórica e menos conteúdo Índice
|