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ELEIÇÕES 2006 / RUMOS DA ECONOMIA
Lula estuda levar Gerdau para ministério
Empresário, "nome de peso" que presidente quer no governo, seria opção para Fazenda, Previdência ou Desenvolvimento
Industrial representaria
setor produtivo e não
assustaria o mercado
financeiro caso petista
decida substituir Mantega
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer levar o empresário Jorge Gerdau Johannpeter para o ministério. Gerdau
seria uma "surpresa" para comandar a Fazenda. Lula analisa
o remanejamento do atual titular, Guido Mantega. É ainda opção para a Previdência, sobre a
qual já apresentou ao presidente planos de gestão, e para o Desenvolvimento, caso Luiz Fernando Furlan queira deixar a
pasta por razões familiares.
Empresário de um dos maiores grupos privados do país,
Gerdau é um dos "nomes de peso da sociedade", na expressão
do próprio Lula, que ele pretende convidar para o segundo
mandato. Gerdau já foi sondado para integrar o governo.
Mostrou disposição.
Outras opções petistas para a
Fazenda são o presidente da
Petrobras, José Sergio Gabrielli, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Lula,
porém, está muito satisfeito
com a gestão de Gabrielli na Petrobras, empresa que diz ser
seu "xodó". E Pimentel teria de
abrir mão de dois anos de mandato, o que é um complicador.
Como há articulação de
Mantega para ficar, em aliança
com Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Relações
Institucionais), uma escolha
petista poderia dar confusão.
Um grande empresário, menos.
Nas palavras de um interlocutor próximo a Lula, Gerdau é
"fã do Palocci e um cara simples, apesar de rico".
Um dos empresários que
mais conversaram com Lula
nos últimos três anos, Gerdau
elogia a política econômica implementada pelo ex-ministro
Antonio Palocci Filho.
Ou seja, representa o chamado setor produtivo e não assustaria o mercado financeiro se
assumisse o comando da economia, caso Lula tire Mantega
-o que ainda não decidiu.
Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias
sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças
de gestão nessa área, que agradaram Lula.
O empresário tem boas relações com Dilma. Ele integra o
conselho de administração da
Petrobras e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social. Está se afastando dos
afazeres cotidianos do seu grupo, um dos maiores produtores
de aço do mundo.
Como de praxe, o presidente
tende a arrastar as negociações
sobre reforma ministerial com
os partidos aliados, sobretudo o
PMDB. Acha que a reeleição
com 60,83% dos votos após as
crises do mensalão e do dossiegate lhe davam cacife para tanto. Ele tem dito que não aceitará imposições dos partidos.
Reflexões de Lula
Em maio, Furlan combinou
com Lula que deixaria o Ministério do Desenvolvimento por
razões pessoais. No entanto,
em junho, quando Roberto Rodrigues saiu da Agricultura, ele
resolveu ficar para não parecer
eventual debandada de ministros não-petistas.
Ganhou pontos com Lula,
que acha que a indicação de
Gerdau para o ministério seria
opção semelhante à que fez
quando trouxe Furlan e Rodrigues para o governo. Escolher
nomes de peso na sociedade e
em seus setores.
Se Furlan quiser ficar, o Desenvolvimento continuará seu.
Se sair, outra opção é o senador
eleito Francisco Dornelles (PP-RJ). Assim, Lula tiraria a pasta
das Cidades do PP, partido de
sua base de apoio, e a daria à ex-prefeita Marta Suplicy, cuja
condução da campanha em São
Paulo no segundo turno é elogiada pelo presidente.
Tio de Aécio Neves, Dornelles faria ainda ponte com o governador reeleito de Minas Gerais. Conta contra ele ter sido
ministro do Trabalho de Fernando Henrique Cardoso.
Extinção de pasta
Lula avalia ainda a extinção
da pasta das Relações Institucionais, que tem atribuições de
coordenação política. Essas
funções retornariam à Secretaria Geral da Presidência, hoje
ocupada por Luiz Dulci. Sob
FHC, a pasta teve esse formato.
O ex-presidente do STF Nelson Jobim é cotado para a Justiça ou articulação política.
Peemedebista, Jobim ajudaria
Lula a compor com a sigla. Jobim poderia chefiar a nova Secretaria Geral, bem como o
atual articulador, Tarso, que,
por sua vez, também é opção
para a Justiça. Dulci presidiria
o PT, desejo que Lula teve no
passado. Ele, porém, quer ficar
onde está.
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