São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RUMOS DA ECONOMIA

Lula estuda levar Gerdau para ministério

Empresário, "nome de peso" que presidente quer no governo, seria opção para Fazenda, Previdência ou Desenvolvimento

Industrial representaria setor produtivo e não assustaria o mercado financeiro caso petista decida substituir Mantega

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer levar o empresário Jorge Gerdau Johannpeter para o ministério. Gerdau seria uma "surpresa" para comandar a Fazenda. Lula analisa o remanejamento do atual titular, Guido Mantega. É ainda opção para a Previdência, sobre a qual já apresentou ao presidente planos de gestão, e para o Desenvolvimento, caso Luiz Fernando Furlan queira deixar a pasta por razões familiares.
Empresário de um dos maiores grupos privados do país, Gerdau é um dos "nomes de peso da sociedade", na expressão do próprio Lula, que ele pretende convidar para o segundo mandato. Gerdau já foi sondado para integrar o governo. Mostrou disposição.
Outras opções petistas para a Fazenda são o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Lula, porém, está muito satisfeito com a gestão de Gabrielli na Petrobras, empresa que diz ser seu "xodó". E Pimentel teria de abrir mão de dois anos de mandato, o que é um complicador.
Como há articulação de Mantega para ficar, em aliança com Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Relações Institucionais), uma escolha petista poderia dar confusão. Um grande empresário, menos.
Nas palavras de um interlocutor próximo a Lula, Gerdau é "fã do Palocci e um cara simples, apesar de rico".
Um dos empresários que mais conversaram com Lula nos últimos três anos, Gerdau elogia a política econômica implementada pelo ex-ministro Antonio Palocci Filho.
Ou seja, representa o chamado setor produtivo e não assustaria o mercado financeiro se assumisse o comando da economia, caso Lula tire Mantega -o que ainda não decidiu.
Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças de gestão nessa área, que agradaram Lula.
O empresário tem boas relações com Dilma. Ele integra o conselho de administração da Petrobras e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Está se afastando dos afazeres cotidianos do seu grupo, um dos maiores produtores de aço do mundo.
Como de praxe, o presidente tende a arrastar as negociações sobre reforma ministerial com os partidos aliados, sobretudo o PMDB. Acha que a reeleição com 60,83% dos votos após as crises do mensalão e do dossiegate lhe davam cacife para tanto. Ele tem dito que não aceitará imposições dos partidos.

Reflexões de Lula
Em maio, Furlan combinou com Lula que deixaria o Ministério do Desenvolvimento por razões pessoais. No entanto, em junho, quando Roberto Rodrigues saiu da Agricultura, ele resolveu ficar para não parecer eventual debandada de ministros não-petistas.
Ganhou pontos com Lula, que acha que a indicação de Gerdau para o ministério seria opção semelhante à que fez quando trouxe Furlan e Rodrigues para o governo. Escolher nomes de peso na sociedade e em seus setores.
Se Furlan quiser ficar, o Desenvolvimento continuará seu. Se sair, outra opção é o senador eleito Francisco Dornelles (PP-RJ). Assim, Lula tiraria a pasta das Cidades do PP, partido de sua base de apoio, e a daria à ex-prefeita Marta Suplicy, cuja condução da campanha em São Paulo no segundo turno é elogiada pelo presidente.
Tio de Aécio Neves, Dornelles faria ainda ponte com o governador reeleito de Minas Gerais. Conta contra ele ter sido ministro do Trabalho de Fernando Henrique Cardoso.

Extinção de pasta
Lula avalia ainda a extinção da pasta das Relações Institucionais, que tem atribuições de coordenação política. Essas funções retornariam à Secretaria Geral da Presidência, hoje ocupada por Luiz Dulci. Sob FHC, a pasta teve esse formato.
O ex-presidente do STF Nelson Jobim é cotado para a Justiça ou articulação política. Peemedebista, Jobim ajudaria Lula a compor com a sigla. Jobim poderia chefiar a nova Secretaria Geral, bem como o atual articulador, Tarso, que, por sua vez, também é opção para a Justiça. Dulci presidiria o PT, desejo que Lula teve no passado. Ele, porém, quer ficar onde está.


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