São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Alckmin domina topo do IDH; Lula, a parte inferior

DA REPORTAGEM LOCAL

"O andar de baixo venceu o de cima", afirmou Lula anteontem. Se comparado o mapa da votação do segundo turno das eleições 2006 com o ranking do IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), nada é mais verdadeiro que a frase do presidente reeleito.
No Brasil com um grau de desenvolvimento considerado baixo (21 cidades com índice inferior a 0,500, grupo onde estão países como Haiti e Burundi), o petista teve uma média de impressionantes 81% votos válidos contra o tucano Geraldo Alckmin, ou 20 pontos a mais do que a média nacional.
Nas 500 localidades do país mais atrasadas, a supremacia de Lula foi total. Já nas quase 600 cidades com índice igual ou superior a 0,800, o que dá a elas o status de alto desenvolvimento, o tucano foi vitorioso em mais de dois terços delas.
Nos 20 municípios de IDH municipal mais alto do Brasil, Lula foi derrotado em 17. A começar pelo líder do ranking.
São Caetano tem um índice que o colocaria entre os 25 países mais desenvolvidos. E os moradores da conservadora cidade do Grande ABC paulista deram as costas para Lula. Lá, o presidente teve só 35% dos votos válidos, bem abaixo dos 48% que registrou em São Paulo no segundo turno.
Se onde sobra riqueza o eleitor desprezou o petista, onde falta tudo ele chegou a ter votações que lembram as eleições de fachada de alguns países. Com um IDH mais baixo que o do Lesoto, o município maranhense de Belágua deu 96% de seus votos válidos para Lula.
Na cidade menos desenvolvida do país, Manari (PE), onde a expectativa de vida não chega a modestos 56 anos, o petista teve 82% dos válidos.
E a relação entre IDH e votação não se esgota nos extremos do ranking do desenvolvimento elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Mesmo em Estados onde o petista foi vitorioso, os municípios mais desenvolvidos tiveram resultados bem diferentes.

Nos Estados
No meio do massacre que foi a votação de Lula anteontem no Nordeste, Maceió, dona do melhor IDH de Alagoas, deu vitória a Geraldo Alckmin.
Em Minas Gerais, Poços de Caldas, cidade com o índice de desenvolvimento mais alto do Estado, não entrou na onda petista e deu 52% dos votos válidos para o candidato tucano.
Em alguns casos, o tucano sofreu derrotas menos acachapantes quando se tratava da cidade mais desenvolvida de um Estado. Foi assim, por exemplo, no Rio de Janeiro.
No placar geral, o Estado deu 70% dos votos a Lula e 30% a Alckmin. Em Niterói, cidade com o terceiro maior IDH do país, o placar foi 61% a 39%. Nos Estados com IDH mais baixo, Lula teve 100% de aproveitamento anteontem. (PAULO COBOS)

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