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Alckmin domina topo do IDH; Lula, a parte inferior
DA REPORTAGEM LOCAL
"O andar de baixo venceu o
de cima", afirmou Lula anteontem. Se comparado o mapa da
votação do segundo turno das
eleições 2006 com o ranking do
IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal),
nada é mais verdadeiro que a
frase do presidente reeleito.
No Brasil com um grau de desenvolvimento considerado
baixo (21 cidades com índice
inferior a 0,500, grupo onde estão países como Haiti e Burundi), o petista teve uma média de
impressionantes 81% votos válidos contra o tucano Geraldo
Alckmin, ou 20 pontos a mais
do que a média nacional.
Nas 500 localidades do país
mais atrasadas, a supremacia
de Lula foi total. Já nas quase
600 cidades com índice igual
ou superior a 0,800, o que dá a
elas o status de alto desenvolvimento, o tucano foi vitorioso
em mais de dois terços delas.
Nos 20 municípios de IDH
municipal mais alto do Brasil,
Lula foi derrotado em 17. A começar pelo líder do ranking.
São Caetano tem um índice
que o colocaria entre os 25 países mais desenvolvidos. E os
moradores da conservadora cidade do Grande ABC paulista
deram as costas para Lula. Lá, o
presidente teve só 35% dos votos válidos, bem abaixo dos
48% que registrou em São Paulo no segundo turno.
Se onde sobra riqueza o eleitor desprezou o petista, onde
falta tudo ele chegou a ter votações que lembram as eleições
de fachada de alguns países.
Com um IDH mais baixo que o
do Lesoto, o município maranhense de Belágua deu 96% de
seus votos válidos para Lula.
Na cidade menos desenvolvida do país, Manari (PE), onde a
expectativa de vida não chega a
modestos 56 anos, o petista teve 82% dos válidos.
E a relação entre IDH e votação não se esgota nos extremos
do ranking do desenvolvimento elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Mesmo em Estados onde o
petista foi vitorioso, os municípios mais desenvolvidos tiveram resultados bem diferentes.
Nos Estados
No meio do massacre que foi
a votação de Lula anteontem
no Nordeste, Maceió, dona do
melhor IDH de Alagoas, deu vitória a Geraldo Alckmin.
Em Minas Gerais, Poços de
Caldas, cidade com o índice de
desenvolvimento mais alto do
Estado, não entrou na onda petista e deu 52% dos votos válidos para o candidato tucano.
Em alguns casos, o tucano sofreu derrotas menos acachapantes quando se tratava da cidade mais desenvolvida de um
Estado. Foi assim, por exemplo, no Rio de Janeiro.
No placar geral, o Estado deu
70% dos votos a Lula e 30% a
Alckmin. Em Niterói, cidade
com o terceiro maior IDH do
país, o placar foi 61% a 39%.
Nos Estados com IDH mais
baixo, Lula teve 100% de aproveitamento anteontem.
(PAULO COBOS)
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