São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

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Após 2 anos de crise, fundo de pensão de Furnas troca chefia

Mudança no Real Grandeza foi negociada entre a direção da estatal e sindicatos

Novo presidente, indicado por sindicatos, é Aristides Leite França; Eduardo Garcia, escolha da cúpula da estatal, é o diretor de investimentos


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Em comum acordo, sindicalistas e a direção de Furnas Centrais Elétricas, ligada ao PMDB, indicaram dois novos dirigentes da Fundação Real Grandeza -fundo de pensão dos empregados da estatal e de parte dos empregados da também estatal Eletronuclear.
O acordo encerra crise provocada pelas tentativas de peemedebistas de interferirem na administração do fundo de pensão. Sindicatos e associações de empregados e aposentados acertaram com a direção de Furnas e o governo a substituição do presidente do fundo, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e de seu diretor de investimentos, Ricardo Gurgel Nogueira.
O acordo foi costurado pelo presidente do Conselho de Administração de Furnas, Flávio Decat. Segundo o diretor do Sindicato dos Eletricitários de Furnas, Adilson Almeida, os empregados se recusavam a negociar com a direção da estatal.
O novo presidente, Aristides Leite França, foi indicado por 16 sindicatos e três associações de empregados e aposentados. O diretor de investimentos, indicação da diretoria de Furnas, é Eduardo Henrique Garcia.
Em fevereiro deste ano, em meio à terceira crise entre Furnas e o fundo em dois anos, a estatal tentou emplacar Eduardo Garcia na diretoria do Real Grandeza, mas teve de recuar diante da mobilização dos empregados, que exigiram que os dirigentes ficassem até o final do mandato, em outubro.
O conselheiro de Furnas Geovah Machado negou que tenha havido negociação com o PMDB para a escolha de Garcia. Segundo ele, Garcia já havia sido sondado para o cargo, em 2006, pelo atual presidente do fundo, Carlos Nadalutti Filho, mas a estatal não o liberou, na ocasião. "A fundação está fechada a sete chaves contra a ingerência política", disse.
Sindicatos ouvidos pela reportagem disseram que os atos da diretoria serão monitorados pelo Fórum de Defesa do Real Grandeza, criado durante a crise. Os novos dirigentes tomam posse no próximo dia 16.
A crise começou em 2007, quando o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde assumiu a presidência de Furnas por indicação do deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB-RJ.
Desde então, foram três tentativas de trocar o comando do fundo rechaçadas por empregados e aposentados. A resistência se explica pelo prejuízo de R$ 153 milhões sofrido em 2005 por causa de investimentos no Banco Santos, liquidado pelo Banco Central.
As investidas do PMDB são atribuídas a Cunha, que nega a acusação. À Folha ele disse que nunca tentou emplacar ninguém na direção do fundo e que ele não lhe diz respeito.
Conde deixou a presidência de Furnas em outubro de 2008.


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