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Após 2 anos de crise, fundo de pensão de Furnas troca chefia
Mudança no Real Grandeza foi negociada entre a direção da estatal e sindicatos
Novo presidente, indicado por sindicatos, é Aristides Leite França; Eduardo Garcia, escolha da cúpula da estatal, é o diretor de investimentos
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Em comum acordo, sindicalistas e a direção de Furnas
Centrais Elétricas, ligada ao
PMDB, indicaram dois novos
dirigentes da Fundação Real
Grandeza -fundo de pensão
dos empregados da estatal e de
parte dos empregados da também estatal Eletronuclear.
O acordo encerra crise provocada pelas tentativas de peemedebistas de interferirem na
administração do fundo de
pensão. Sindicatos e associações de empregados e aposentados acertaram com a direção
de Furnas e o governo a substituição do presidente do fundo,
Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e
de seu diretor de investimentos, Ricardo Gurgel Nogueira.
O acordo foi costurado pelo
presidente do Conselho de Administração de Furnas, Flávio
Decat. Segundo o diretor do
Sindicato dos Eletricitários de
Furnas, Adilson Almeida, os
empregados se recusavam a negociar com a direção da estatal.
O novo presidente, Aristides
Leite França, foi indicado por
16 sindicatos e três associações
de empregados e aposentados.
O diretor de investimentos, indicação da diretoria de Furnas,
é Eduardo Henrique Garcia.
Em fevereiro deste ano, em
meio à terceira crise entre Furnas e o fundo em dois anos, a
estatal tentou emplacar Eduardo Garcia na diretoria do Real
Grandeza, mas teve de recuar
diante da mobilização dos empregados, que exigiram que os
dirigentes ficassem até o final
do mandato, em outubro.
O conselheiro de Furnas
Geovah Machado negou que tenha havido negociação com o
PMDB para a escolha de Garcia. Segundo ele, Garcia já havia
sido sondado para o cargo, em
2006, pelo atual presidente do
fundo, Carlos Nadalutti Filho,
mas a estatal não o liberou, na
ocasião. "A fundação está fechada a sete chaves contra a ingerência política", disse.
Sindicatos ouvidos pela reportagem disseram que os atos
da diretoria serão monitorados
pelo Fórum de Defesa do Real
Grandeza, criado durante a crise. Os novos dirigentes tomam
posse no próximo dia 16.
A crise começou em 2007,
quando o ex-prefeito do Rio
Luiz Paulo Conde assumiu a
presidência de Furnas por indicação do deputado federal
Eduardo Cunha, do PMDB-RJ.
Desde então, foram três tentativas de trocar o comando do
fundo rechaçadas por empregados e aposentados. A resistência se explica pelo prejuízo
de R$ 153 milhões sofrido em
2005 por causa de investimentos no Banco Santos, liquidado
pelo Banco Central.
As investidas do PMDB são
atribuídas a Cunha, que nega a
acusação. À Folha ele disse que
nunca tentou emplacar ninguém na direção do fundo e
que ele não lhe diz respeito.
Conde deixou a presidência
de Furnas em outubro de 2008.
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