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Juízes querem mudar nomeação para STF
Associação de magistrados vai apresentar proposta à Câmara com 5 alterações; principal crítica é excesso de poder do presidente
Se regras estivessem em vigor, Toffoli não poderia ser indicado; PEC "não é dirigida a quem quer que seja", diz presidente da AMB
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) vai apresentar na próxima quarta-feira
na Câmara dos Deputados uma
PEC (proposta de emenda
constitucional) para modificar
a maneira como os ministros
do Supremo Tribunal Federal
são nomeados.
A principal crítica é o excesso
de poder do presidente da República -hoje, o nome indicado pelo presidente, sem critérios rígidos, passa apenas pelo
crivo do Senado.
A AMB sugere cinco modificações. O indicado seria escolhido pelo presidente a partir
de uma lista sêxtupla elaborada
pelo STF; metade da corte seria
composta por magistrados de
carreira -hoje há apenas um-;
o Senado teria de aprovar o nome com pelo menos dois terços
dos votos. Para o presidente da
AMB, Mozart Valadares Pires,
a sabatina atual na Casa "é mera formalidade".
Além disso, o escolhido precisaria ter pelo menos 45 anos
(hoje, a idade mínima é de 35
anos) e, caso ocupe funções públicas como ministro, governador, advogado-geral da União
ou procurador-geral da República, teria que passar por três
anos de quarentena.
Recentemente escolhido pelo presidente Lula para a corte,
o ex-advogado-geral da União
José Antonio Dias Toffoli não
se encaixa em ao menos duas
das regras: tem 41 anos e não
passou por quarentena.
Questionado sobre a nomeação de Toffoli, Pires afirmou
que a PEC "não é dirigida a
quem quer que seja". Ele diz
que a entidade propôs a quarentena em maio, antes de o
nome de Toffoli ser cogitado.
Entretanto, uma das razões
para a proposta foi o excesso de
indicações que couberam ao
presidente Lula -somente no
STF, foram oito. "É muito poder concentrado na mão de
uma pessoa só", diz Pires. Segundo ele, Lula já indicou mais
de 50% dos magistrados dos
quatro tribunais superiores.
Pires citou como exemplo a
votação, em 2004, da taxação
de inativos como uma episódio
em que houve influência da
vontade do governo nos votos.
"A sociedade tem que ter a certeza absoluta de que o colegiado não vai se manifestar por interesses políticos", disse.
O deputado Vieira da Cunha
(PDT-RS) deve relatar a PEC,
que precisa antes ter 171 assinaturas para ser protocolada.
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