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GASTOS PÚBLICOS
Conta é de R$ 48 mil
Governo paga até R$ 35 por 1 guardanapo
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente Fernando
Henrique Cardoso) e o Itamaraty
aproveitaram a virada do ano para
renovar seus estoques de guardanapos de linho com bordados em
seda. A conta para o contribuinte
sairá por R$ 48.260, mais de 400
vezes o valor do salário mínimo.
A encomenda está registrada no
Siafi, o sistema informatizado que
acompanha a administração financeira da União. O prazo de entrega dos 2.400 novos guardanapos para o Alvorada e outros 1.500
para o Itamaraty é janeiro.
Embora todos sejam fabricados
em linho puro, a diferença de preços é enorme: a diretoria geral de
administração da Presidência da
República acertou pagar R$ 4,90
por guardanapo; o cerimonial do
Itamaraty pagará até R$ 35 por
unidade. A diferença de preços é
justificada pelos bordados em linha de seda que acompanham as
especificações da encomenda.
Os guardanapos brancos e bege
do Palácio da Alvorada têm o logotipo "PR" (de Presidência da República) bordados em bege e apenas um friso reto acompanhando a
bainha. Destinam-se ao uso diário
do presidente e a almoços e jantares formais do palácio, informou a
assessoria do Planalto.
O modelo é considerado "simples" pela microempresa de Brasília responsável pelo trabalho, a Tal
e Qual Comercial Confecções e Representações Ltda. A durabilidade
do produto é estimada em um ano.
O lucro do negócio de R$ 11.760 é
calculado em 15% pela empresa,
que recusou o convite para participar do negócio do Itamaraty, orçado em R$ 36.500.
Os guardanapos do Itamaraty seguem modelos tradicionais e mais
rebuscados. Além do logotipo
"RE" (de Relações Exteriores)
bordado nas cores branco e verde,
os guardanapos têm bainha em
formato ondulado, igualmente
bordada, o que encarece o serviço.
A assessoria do ministério informou que os atuais guardanapos
foram comprados há mais de dois
anos. Os novos poderão resistir a
cinco anos de uso intenso, disse o
fabricante. Foram encomendados
três tipos, com preços de R$ 13, R$
25 e R$ 35 a unidade.
O serviço foi ganho por outra pequena empresa de Brasília (nem
tem placa na porta), chamada Dolphin Comércio e Representação
Ltda.
As notas de empenho do Ministério das Relações Exteriores e do
Palácio do Planalto -uma formalidade que antecede o pagamento
da fatura- foram emitidas em
prazo inferior a uma semana, em
10 e 16 de dezembro, segundo registra o Siafi, pesquisado pelo gabinete do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF).
Segundo o deputado, despesas
desse tipo são comuns no final do
ano, quando os órgãos públicos
tentam esgotar o dinheiro previsto
no Orçamento. As despesas com
guardanapos foram debitadas no
item "cama e mesa".
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