São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 2005

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ELEIÇÕES 2006/PRÉ-CANDIDATO

Presidente do Supremo, que já havia sido sondado pelo petista sobre hipótese de ser candidato a vice, comunicou que se filiará a um partido

Jobim informa a Lula que irá deixar o STF

JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, comunicou oficialmente a Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa reservada ocorrida antes do Natal, que deixará o Supremo em março. Jobim disse ao presidente que pretende se filiar a um partido político. O prazo final para a filiação é 3 de abril.
O comunicado de Jobim teve dois propósitos. O primeiro, de natureza funcional, foi o de liberar Lula para selecionar um nome para a vaga a ser aberta no Supremo com seu desligamento. O segundo, de ordem política, foi a de restabelecer um diálogo aberto antes da explosão da crise.
Jobim recebeu meses atrás de um emissário do presidente uma sondagem sobre a hipótese de ser candidato a vice na chapa de Lula na campanha à reeleição. Mostrou-se receptivo à idéia. E Lula o incluiu no cardápio de opções.
O início da crise política interditou as articulações. Nesse intervalo, o PMDB, partido ao qual Lula gostaria que Jobim se filiasse, reforçou a tendência de lançar uma candidatura própria à Presidência. O ex-governador do Rio Anthony Garotinho apressou-se em registrar sua pré-candidatura presidencial pelo PMDB.
Lula anda sonhando com uma aliança com o PMDB, mas avalia que a hipótese é, hoje, remota. Jobim trabalha com duas alternativas: ou disputa as prévias do PMDB, tornando-se, ele próprio, um candidato à Presidência ou filia-se a outro partido, reativando a perspectiva de compor a chapa de Lula como candidato a vice.
O ministro, um ex-deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul, ainda não definiu que caminho irá adotar.
Lula manuseia uma lista de 11 candidatos ao STF. A relação foi elaborada para preencher a vaga do ministro Carlos Velloso, que se aposentará compulsoriamente do STF ao completar 70 anos, em 19 de janeiro. Agora, servirá também para o preenchimento da vaga a ser aberta com a saída de Jobim.
Embora ainda não tenha definido os nomes dos dois novos ministros, Lula revela sob reserva os perfis de sua predileção. Gostaria que uma das vagas fosse ocupada por um político vinculado ao PT. Para a outra, deve indicar uma mulher. Os indicados terão de ser referendados pelo Senado.
Entre os políticos, três emergem como favoritos: os deputados federais Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Sigmaringa Seixas (PT-DF) e o ex-ministro Tarso Genro (Educação). São três as mulheres que figuram na lista de Lula. Duas reúnem mais chances: a favorita é Maria Lúcia Karan, coordenadora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais no Rio de Janeiro. Corre por fora Misabel Abreu Machado Derzi, chefe da Procuradoria Geral da Prefeitura de Belo Horizonte, hoje sob o comando do petista Fernando Pimentel.
Essa será a segunda vez na história que um presidente indicará uma mulher para o Supremo. A primeira foi a ministra Ellen Gracie. Alçada ao tribunal sob Fernando Henrique, ela passará a ocupar a presidência do STF com a saída de Jobim, cujo mandato só expiraria em junho de 2006.


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