São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2006

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Painel

Vera Magalhães (interina) - painel@uol.com.br

A balança pende

Tarso Genro começa o segundo mandato de Lula, amanhã, com um pé no cargo de ministro da Justiça. As últimas conversas de membros do governo com Sepúlveda Pertence não avançaram, e o atual coordenador político galgou mais alguns degraus na briga pela vaga de Márcio Thomaz Bastos.
Caso se confirme a nomeação de Tarso, o novo diretor-geral da Polícia Federal será o atual responsável pela área de Inteligência da autarquia, Renato Porciúncula, também gaúcho. Nos últimos dias, ele venceu por ampla maioria enquete realizada com cerca de 200 delegados sobre quem deveria assumir o lugar de Paulo Lacerda. O número dois da corporação, Zulmar Pimentel, também cotado para o posto, ficou em segundo lugar, mas enfrenta resistências internas.

Perdigueiro. Sondado para o comando da Abin e do INSS no segundo mandato, Paulo Lacerda tem dito a amigos que gostaria de voltar a atuar em investigações, em vez de assumir função executiva.

Refazenda 1. Confirmado na Cultura, Gilberto Gil (PV) deflagrou um processo de despetização do ministério. Além da exoneração do secretário de Articulação Institucional, Márcio Meira, já decidiu pela saída do presidente da Funarte, Antonio Grassi.

Refazenda 2. O PT, que é contra a tese da "porteira fechada" em ministérios, vai comprar a briga com o ministro-cantor. "O partido não aceita ser tratado dessa forma", diz um dirigente.

Popstar. A autora Glória Perez avisou a petistas que Lula será personagem da fase final da minissérie "Amazônia", quando for mostrada a morte do seringueiro Chico Mendes. O ator que encarnará o presidente não foi escolhido.

Campo minado. Desempregado, o ex-ministro Miguel Rossetto (PT) trabalha para voltar ao governo. Mas diz que não quer mais o Desenvolvimento Agrário, que vem sendo bombardeado pelos movimentos sociais.

Longo prazo. O governo vai enviar projeto ao Congresso no início de janeiro estabelecendo regras para a correção da tabela do Imposto de Renda até 2011 e reajuste do salário mínimo até 2023.

Incansáveis 1. Mesmo tendo aumentado o gasto com pessoal em 52% nos últimos quatro anos, a Câmara quer mais. Abriu concurso para preencher 243 vagas, de dentistas a jornalistas.

Incansáveis 2. Das vagas a serem abertas pelo Legislativo, mais da metade é para funções com salário de R$ 9.500, mais do que ganha o presidente da República.

Só o começo. Cinco deputados federais já trocaram de partido desde a eleição, há menos de dois meses. É um aperitivo para as migrações em massa esperadas para janeiro e fevereiro.

Overbooking. Candidato a presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT) diz que pretendia usar apenas aviões de carreira em suas viagens aos Estados em janeiro. Desistiu por causa do apagão aéreo e deve alugar um jato.

Duas canoas. O PMDB marcou para o próximo dia 9 a reunião de sua bancada em que deve anunciar o apoio a Arlindo Chinaglia. Mas o presidente da sigla, Michel Temer (SP), já avisa que defecções pró-Aldo Rebelo (PC do B-SP) serão toleradas.

Ausência. Figura constante ao lado de Lula no segundo turno e na transição, Marcelo Déda, não irá à posse do presidente. O extenso calendário da transmissão do cargo de governador de Sergipe o impediu de ir a Brasília.

Gelo. A cúpula do PFL comparecerá à posse de Yeda Crusius, mas só para prestigiar o vice-governador, Paulo Feijó. O partido admite, no entanto, ficar de fora da composição do novo governo.

Tiroteio

"O próprio Berzoini admite que não teve discernimento político e habilidade para impedir o escândalo do dossiê. Não tem condição de reassumir o partido".
Do secretário-geral do PT, RAUL PONT (RS), sobre o plano do presidente do partido, Ricardo Berzoini, de voltar ao cargo.

Contraponto

Serviço completo

Quando foi secretário dos Negócios Jurídicos de Jânio Quadros na Prefeitura de São Paulo (1986-1989), Cláudio Lembo, hoje governador do Estado, enfrentou embates difíceis com os vereadores. Certo dia, ao retornar da Câmara especialmente aborrecido, Lembo abordou Jânio com uma de suas tiradas irônicas:
-Que tal fazermos um concurso para erguer uma estátua de Macunaíma em homenagem aos vereadores?
-Excelente idéia!-, respondeu o prefeito com entusiasmo, para em seguida dar uma ordem ao auxiliar:
-E providencie para que o concurso seja fraudado!


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