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Lula-2006 sonega dinheiro a prioridades de Lula-2007
Xodó do 2º mandato, infra-estrutura fecha o 1º sem mais da metade da verba prometida
Saneamento recebeu só 23% do montante previsto e habitação obteve apenas
R$ 2 milhões de recursos do Orçamento deste ano
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Novamente apontados ontem por Luiz Inácio Lula da Silva como prioritários em seu segundo mandato, os programas
direcionados às áreas de infra-estrutura e saneamento básico
foram preteridos na execução
orçamentária deste ano.
Dados do Siafi (sistema de
acompanhamento de gastos federais) mostram que os gastos
de investimentos e administrativos dos programas dessas
áreas, somados, tiveram execução oscilando entre 20% e 50%.
Os campeões de execução -a
maioria devido a recursos de
custeio- estão na saúde.
O levantamento feito pela
ONG Contas Abertas contabiliza os gastos federais até o dia 26
de dezembro e inclui valores
pagos e os restos a pagar (pendências de anos anteriores quitadas agora).
A pedido da Folha, foram excluídas despesas com pessoal e
pagamento de dívidas e juros.
Os dados selecionados listam
apenas os gastos destinados a
"investimentos" e "despesas
correntes", rubricas que se
mesclam no manejo político
dos recursos. Na prática, leva
em consideração somente
aquilo que foi desembolsado
por vontade do governo.
O ranking dos programas
com melhores e piores desempenhos orçamentários também descarta despesas relacionadas à Previdência Social e
transferências constitucionais,
ambas com alto índice de execução. As transferências do
Bolsa Família foram analisadas
separadamente, apresentando
execução de 91%.
Se analisados somente os
324 programas que tinham dotações orçamentárias para
2006, a média de execução foi
de 43% -um total de R$ 77 bilhões. Sem os restos a pagar,
atinge 50% -64,4 bilhões.
Na lista dos programas com
execução orçamentária travada, despontam os setores de saneamento. No caso das áreas
urbanas, foram efetivamente
pagos R$ 470 milhões em
2006, sendo R$ 311,5 milhões
desse total referente a restos a
pagar. Ou seja, do montante
autorizado para este ano (R$
1,1 bilhão) saíram R$ 158,7 milhões. Em percentual, tudo o
que foi gasto representa uma
execução de apenas 23%. Para
as áreas rurais, o índice sobe
para 29,4%.
Outro exemplo é no setor de
habitação: dos R$ 315 milhões
desembolsados neste ano, somente R$ 2 milhões correspondem ao Orçamento de
2006, ou seja, praticamente tudo se trata de restos a pagar de
anos anteriores. O percentual
de execução foi de 29,7%.
No âmbito de infra-estrutura, apesar das cifras altas, muitos programas ficaram abaixo
da média, como por exemplo os
corredores Oeste-Norte
(25,2% de execução), Nordeste
(35%), Sudoeste (15,7%) e São
Francisco (37%). Os corredores incluem obras de recuperação ou ampliação de rodovias,
construção de viadutos e expansão de ferrovias.
Segundo especialistas em
contas públicas, a justificativa
recorrente para o baixo desempenho é o excesso de emendas
de parlamentares nessas áreas.
Além disso, no caso de saneamento e habitação, há outras
formas de liberação de verbas,
como por meio de repasses da
Caixa Econômica Federal para
as prefeituras.
Procurada pela Folha, a Casa
Civil não se pronunciou, argumentando que não havia técnicos disponíveis para analisar os
dados. Ontem, Lula afirmou
que, em janeiro, irá priorizar
medidas para investimentos
em infra-estrutura.
2007
Para o próximo ano, o governo pretende elaborar uma lista
de 50 obras prioritárias em infra-estrutura e saneamento
que ficariam livres de bloqueio
de verbas. Assim, espera garantir a liberação total de recursos
previstos e evitar a repetição da
baixa execução orçamentária.
Essa medida faz parte do pacote encomendado pelo presidente para tentar destravar o
crescimento da economia.
Os números do Siafi mostram ainda que o governo cumpriu na maioria dos casos em
torno de 90% das transferências na área de saúde: 95,7% no
SUS (Sistema Único de Saúde),
71,5% para tratamento de portadores do vírus HIV e 71% em
Vigilância Epidemiológica. São
gastos obrigatórios. Outro programa que se destaca, com
94,5% de execução, foi o de Recursos Pesqueiros Sustentáveis, ligado a Meio Ambiente.
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