São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Ministros participam de confraria que furtou sino de universidade gaúcha

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Ao longo dos últimos 40 anos, ministros, juízes e advogados militam em uma confraria dedicada a esconder um sino furtado da faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Entre os membros da chamada Ordem do Sino estão o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ari Pargendler, e o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Gilson Dipp.
O sino de bronze, cujas badaladas marcavam o início e o fim das aulas, foi surrupiado pelos formandos da turma de 1968 e desde então circula entre ex-alunos, que se recusam a devolvê-lo à universidade.
Em 1978, dez anos após a formatura da turma, a Ordem do Sino ganhou um estatuto -que considera o produto do furto "símbolo da turma". Todos os anos, durante um jantar comemorativo em novembro, a peça troca de mãos. Segundo Maria Kramer, que faz parte da ordem, o critério para ter o privilégio de esconder o sino da faculdade é o maior número de participações nos jantares anuais.
Jobim furou a fila em 1997. Menos assíduo do que outros, recebeu a "honraria" após se tornar ministro do Supremo. Amigos de Jobim contaram que ele guardava o sino em seu gabinete no STF. Pargendler foi "agraciado" em 1988. Dipp ainda aguarda sua vez.
"Não devolveremos o sino até que haja um sobrevivente da nossa turma", diz o advogado Paulo Wainberg. Dos 93 formandos, 16 já morreram.
O sino de bronze, com cerca de 30 centímetros de altura e 10 quilos, tem gravado os nomes dos que o esconderam. Pargendler se recusou a comentar o caso. Jobim e Dipp não foram localizados.


Texto Anterior: Palanque de congressistas, CPIs entram no ostracismo
Próximo Texto: Lula diz que críticos torcem para que crise "arrebente" país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.