Campinas, Domingo, 2 de maio de 1999

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ADMINISTRAÇÃO 3
Cada um dos integrantes do Legislativo possui, em média, 15 assessores, entre oficiais e comissionados
Vereador custa R$ 1 milhão por ano

Marcos Peron - 17.jul.98/Folha Imagem
Vereadores conversam durante sessão ordinária da Câmara Municipal de Campinas; custo anual de cada um deles ultrapassa R$ 1 milhão


free-lance para a Folha Campinas

Cada um dos 21 vereadores da Câmara Municipal de Campinas custa, por ano, R$ 1,053 milhão aos cofres públicos, já considerados os salários, de R$ 4.500. Em média, cada um tem 15 assessores, entre os oficiais e os comissionados pela prefeitura.
Seis dos vereadores que assumem cargos na presidência e corregedoria têm direito a carros e combustíveis pagos pela Câmara, que possui ainda um microônibus, apelidado de "Sellinmóvel", por ter sido comprado na gestão anterior, cujo presidente era Francisco Sellin (PFL).
Todos os vereadores têm ainda nos gabinetes uma linha telefônica direta e um ramal da Casa. Eles têm ainda uma cota mensal de, em média, 1.400 fotocópias e 600 selos para correspondências.
A prefeitura passa por uma grave crise financeira, com um déficit mensal de R$ 11,7 milhões. Na última sexta-feira, não houve caixa para cobrir toda a folha e os servidores receberam até 60% a menos do que esperavam. A partir de amanhã, os campineiros podem ficar sem serviços básicos por causa de uma greve dos servidores.
O orçamento anual da Casa com os vereadores é de R$ 18,133 milhões, dinheiro repassado pela prefeitura em doze parcelas mensais. Os vereadores consomem ainda R$ 4,02 milhões com os 124 funcionários comissionados, totalizando R$ 22,153 milhões.
Esses funcionários públicos, segundo determinação do prefeito Francisco Amaral (PPB), precisarão ser pagos pelos vereadores ou pela Câmara, caso eles continuem trabalhando no Legislativo.
Como a Câmara deixa de receber cerca de R$ 5 milhões em cada ano da prefeitura e mantém o dinheiro nos cofres públicos, os vereadores devem usar essa verba para pagar os salários de seus comissionados em 99. Mesmo assim, a prefeitura acabaria pagando os rendimentos desses servidores.
O líder do PPB, partido do prefeito Francisco Amaral na Câmara, vereador Pedro Serafim, afirmou que se a Casa for "estourar" o orçamento, seria prudente demitir funcionários.
Ele afirmou desconhecer o número de funcionários que cada vereador tem em média. "Acho que vou solicitar os meus assessores", ironizou Serafim, sem revelar quantos possui.
O vereador Dário Saadi (PSDB), líder do PSDB na Câmara, disse que o decreto do prefeito cortando os comissionados não define como será feito o pagamento.
"Nesse caso, a prefeitura pode até mesmo obrigar que os vereadores paguem e impedir que a Câmara faça isso. Se isso ocorrer, acho que as demissões serão inevitáveis", afirmou Saadi.
O presidente da Câmara, Tadeu Marcos (PMDB), foi procurado, mas não se manifestou.



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