Campinas, Sexta-feira, 08 de Outubro de 1999

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VIOLÊNCIA 2
Testemunha, que teme ser identificada, diz que fingiu estar morto; ele foi baleado no braço e na coxa
Sobrevivente da chacina diz que não foi morto por "falta de munição"

Marcos Peron/Folha Imagem
Familiares e amigos no Cemitério dos Amarais durante enterro do adolescente José Eduardo Alves, 17, morto na chacina


da Folha Campinas

Um dos sobreviventes da chacina que preferiu se identificar como F., 15, afirmou ontem à Folha que só não houve mais mortos porque acabou a munição do grupo encapuzado que invadiu a casa na escola.
Os três encapuzados estavam armados com revólveres calibre 38. "Não consegui identificar ninguém", disse.
F. levou um tiro no braço e outra na coxa.
"Estávamos entre nove ou dez pessoas na sala e só o Léo estava na cozinha preparando sua refeição quando os homens encapuzados entraram na casa", disse a testemunha da chacina.
Após receber alta no hospital, F foi para a sua casa, no bairro Vida Nova. Ele afirmou que pensava em se mudar do local.
Segundo F., três encapuzados entraram na casa, enquanto outra pessoa ficou do lado de fora.
"Eles entraram perguntando sobre o Léo na casa. Em seguida, todos nós dissemos que ele não estava. Os três foram para a cozinha e perguntaram para o próprio Léo quem ele era", disse F.
A testemunha do crime afirmou que um dos encapuzados teria afirmado "é você que é Léo. Eu te conheço".
"No mesmo instante, eles mataram o Léo na cozinha. Depois foram para a sala e mandaram que todos se abaixassem no chão", disse F.
A testemunha disse que os assassinos apontaram a arma para seu peito, mas ele conseguiu virar o corpo no momento do disparo. A bala atingiu seu braço.
"Permaneci no chão e fingi que estava morto. Mesmo assim, eles continuaram atirando e acertaram outro tiro na minha coxa. Todo mundo começou a gritar. Foi assustador", disse F.
Ele também disse que o grupo encapuzado só parou de atirar quando acabaram a munição das armas.
"Eles tremiam muito no momento dos disparos", disse. F. também negou que os estudantes estivessem usando drogas.


Colaborou Luciano Calafiori, free-lance para a Folha Campinas


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