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SAÚDE
Auditoria realizada no setor público da cidade aponta irregularidades no gerenciamento do sistema municipal
Jundiaí pode perder repasse de R$ 35 mi
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
O Ministério da Saúde estuda
cortar o repasse anual de uma verba de R$ 35 milhões para Jundiaí
(36 km de Campinas) por ter constatado irregularidades no gerenciamento da gestão plena do setor.
O sistema pode ser cancelado.
Assessores do ministro da Saúde,
José Serra, constataram uma série
de dez irregularidades, no mínimo, em uma auditoria realizada na
cidade.
As irregularidades foram denunciadas pelo Comus (Conselho Municipal da Saúde) há quatro meses.
O ministério descobriu que a
Prefeitura de Jundiaí deixou de repassar verbas ao Fundo Municipal
da Saúde, que também recebe recursos dos governos federal e estadual, e é responsável pelos investimentos na rede pública.
A adoção da gestão plena garante
ao município receber recursos diretamente do Fundo Nacional da
Saúde, do governo federal, sem o
intermédio do governo estadual.
O secretário da Saúde de Jundiaí,
Júlio César de Oliveira, e o prefeito
viajam hoje para Brasília (DF) para
se reunir com assessores do ministério. "Vamos conversar com o ministério para verificar as orientações ao município", disse Oliveira,
que negou haver irregularidades
no setor.
O presidente do Comus, Antônio
Pacheco, disse que todas as irregularidades foram comunicadas à
prefeitura antes da auditoria do
ministério.
Entre as principais irregularidades denunciadas pelo conselho e
apuradas pelo ministério estão o
fato de o Hospital São Vicente ter
uma instalação em regime de comodato, mesmo sendo administrado pela prefeitura.
De acordo com o conselho, funcionários não-concursados e indicados em maioria pela prefeitura
trabalham no local. "O hospital
não é público, mas é gerido com
recursos públicos. Alegam que o
hospital é privado para comprar
sem licitação", disse Pacheco.
De acordo com o conselho, a Secretaria da Saúde não possui instrumento regular (contrato) de relação com a maioria dos prestadores de serviço, firmando apenas
acertos individuais passados.
O Comus alega ter estabelecido
prazos para a apresentação de contratos e convênios da área de assistência hospitalar em Jundiaí e ter
recebido somente a relação de contratos e serviços.
O conselho reclama também não
saber do quadro de necessidades
gerais de serviços para o município. Outra irregularidade apontada é a restrição do gestor (prefeitura) à participação dos conselhos
eleitos nas decisões. "O Conselho
Municipal não aprovou nenhuma
conta da Secretaria da Saúde em
98", disse Pacheco.
O ministério já cobrou da prefeitura que os termos apontados na
auditoria sejam corrigidos para
tentar evitar a cassação do regime
de gestão plena na cidade.
Ação
Com base no relatório, o promotor de Justiça Claudemir Bataglini
estuda processar a prefeitura.
Ontem à tarde, o promotor se
reuniu com o prefeito Miguel Haddad (PSDB) para discutir a posição
da prefeitura. "Vou discutir a posição do município em relação ao relatório, e o que ele pretende fazer.
As denúncias comportam duas
ações", disse Bataglini.
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