Campinas, Domingo, 9 de maio de 1999

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ENTREVISTA
Cruz diz ser pré-candidato

free-lance para a Folha Campinas

O prefeito em exercício de Campinas, Carlos Cruz (PMDB), afirmou, em entrevista à Folha, que é pré-candidato à sucessão do prefeito Francisco Amaral (PPB), embora nunca tenha vivido momentos tão conturbados como na última semana.
Segundo ele, se Chico lhe pedir conselhos quando voltar da Alemanha, solicitará que sejam feitas mudanças no rumo do governo.

Folha - O sr. já viu algum momento tão conturbado?
Carlos Cruz - Eu não vi. Eu realmente tenho passado momentos críticos. Eu assumi na sexta-feira (30 de abril) cedo e tinha uma questão emergente para resolver. E resolvi. Era a greve de fome dos perueiros. Nós tiramos os perueiros no final da tarde. Na segunda-feira, eu vim para a prefeitura com ela paralisada, numa greve que teve uma adesão acima do normal. Essa greve perdurou na segunda, terça e se encerrou numa assembléia na quarta-feira. Quando a greve se encerrou, às 19h da quarta, eu tive a notícia de que uma greve do transporte coletivo se iniciaria à 0h da quinta-feira. Só não parou o transporte alternativo. Na sexta-feira eu tive um problema com a obra na Barão de Jaguara por um equívoco da prefeitura. Iniciamos a obra sem que pedíssemos uma autorização legislativa e o secretário de Obras solicitou sua exoneração. Realmente foi uma semana difícil e conturbada.
Folha - Curiosamente, a semana mais "quente" do governo Francisco Amaral ocorreu quando ele não estava em Campinas. Qual sua opinião?
Cruz - Acho que é um teste de fogo. São coisas da administração pública e da política. Infelizmente eu tive de passar por todas essas crises. Mas o balanço que eu faço não é negativo. Os perueiros saíram da rua, a greve teve um desfecho que não foi desfavorável. A questão dos ônibus não se prolongou. Nós vamos prosseguir, temos uma semana de trabalho.
Folha - É lógico que o sr. não quer ser vice-prefeito para sempre. O sr. acha que suas pretensões políticas podem ter motivado essa crise?
Cruz - Eu não saberia avaliar em um primeiro momento. Mas eu acho que, rigorosamente, sim. Eu não saberia avaliar se seria para o lado positivo ou para o lado negativo. Sem dúvida nenhuma, deverá ter alguma consequência.
Folha - Que tipo de consequência?
Cruz - Eu digo que não posso avaliar. Eu não nego a minha pretensão de um dia governar Campinas. Eu tenho dito e repito que dependo muito da posição do próprio Chico Amaral.
Folha - O sr. é o número dois?
Cruz - Não. Eu digo que minha pretensão só esbarra na pretensão do Chico. Se ele não pretender, eu seria um dos outros pretendentes.
Folha - O sr. é um pré-candidato, então?
Cruz - Exatamente. Se você me pergunta que, se na minha pretensão futura, essa interinidade teria influência, eu digo que sim.
Folha - Esses dias que o sr. vai governar serão um marco?
Cruz - Pode ser. Depende da posição que o Chico tomar quando retornar. Eu acho que não na minha interinidade. Mas esse afastamento do Chico pode ter trazido a ele reflexões profundas, dado a ele a paz e a tranquilidade. Pode ser que ele volte e diga que nada será como antes.
Folha - O sr. acha que ele vai fazer isso?
Cruz - Realmente é uma incógnita.
Folha - O sr. vai aconselhá-lo?
Cruz - Jamais. Quem sou eu para aconselhar o Chico?
Folha - O sr. é o vice-prefeito?
Cruz - Se o Chico Amaral perguntar minha opinião eu darei. Eu tenho opinião formada. Existem algumas coisas que podem ter alterações de rumo e eu direi se ele me perguntar.
Folha - Há uma semana, a pretensão do senhor era totalmente diferente do que ocorreu. Isso pode prejudicá-lo?
Cruz - Não creio. Mas não vai ajudar. A minha intenção era fazer a prefeitura sair um pouco para fora da Anchieta, 200. Isso foi prejudicado pela greve. Mas as minhas determinações voltam a ser realizadas na próximas semana.
Folha - A Câmara está rebelde?
Cruz - A Câmara não está rebelde; está cumprindo o seu papel. Eu estou sentindo uma presença muito forte e acho salutar e positivo. Existem momentos em que a Câmara Municipal fica mais apagada. No momento mais crítico, o parlamento se destaca. Isso está claro na esfera nacional. Esse fenômeno acontece também em âmbito municipal.



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