Campinas, Sábado, 19 de dezembro de 1998

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A REAÇÃO
Amordaçados, eles protestam contra o atraso no pagamento do 13º salário dos funcionários
Sindicalistas ficam 10 h sem comer

Fernanda Coronado/Folha Imagem
Membros do sindicato dos servidores de Campinas usam mordaças em protesto contra atraso do 13º


da Folha Campinas

Dez diretores do sindicato dos servidores de Campinas disseram ter ficado dez horas sem comer em frente ao prédio da prefeitura ontem, para protestar contra o atraso no pagamento do 13º salário dos funcionários.
Os sindicalistas permaneceram amordaçados para protestar também contra um decreto do prefeito, Francisco Amaral (PPB), que proibiu manifestações com carros de som em frente ao Palácio dos Jequitibás.
De acordo com o coordenador-geral do sindicato, José Francisco Ferreira, a intenção do protesto é mostrar à população as dificuldades que os servidores passarão no Natal, já que não receberam o 13º salário.
"Muitos servidores estão esperando o abono para pagarem dívidas e comprarem comida para a ceia de Natal", disse.
Ele afirmou ainda que os sindicalistas ficaram amordaçados para protestar contra um decreto de Chico, publicado quarta-feira no "Diário Oficial" do Município, proibindo manifestações em frente ao Paço.
"É um absurdo essa medida. Acredito que seja a volta ao AI-5 (Ato Institucional número cinco) em Campinas", disse.
Em 1984, o prefeito Magalhães Teixeira (PSDB) determinou a mesma medida, que acabou sendo revogada pela Câmara.
O atual presidente da Câmara, Francisco Sellin (PFL), afirmou ser favorável à determinação de Chico, que impede as manifestações com carros de som em frente ao prédio.
"Há excessos que devem ser reduzidos, já que impedem o direito de ir e vir do cidadão", disse o presidente do Legislativo.
A diretora do sindicato Regina Aparecida Pereira afirmou que ficou mais de 20 horas sem comer ontem para mostrar à população a gravidade do não-pagamento de salários aos servidores.
"Queremos mostrar à população que a situação de alguns servidores neste final de ano é complicada, já que estão endividados e não têm nem dinheiro para comprar os alimentos para a ceia de Natal", disse.
Ela afirmou que teme que os salários deste mês também não sejam pagos no dia 30.



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