Campinas, Sábado, 19 de dezembro de 1998

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POLÍTICA
Representantes dos metalúrgicos de Campinas, São José dos Campos e Limeira se negam a apoiar ato
CUT "racha" apoio à campanha da Fiesp

da Folha Campinas

O apoio de alguns dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ao "Pacto pelo Emprego", que será lançado na próxima segunda-feira pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), deve provocar um "racha" interno na entidade.
Representantes dos sindicatos dos metalúrgicos de Campinas e Região, São José dos Campos e de Limeira estiveram reunidos ontem em Campinas e decidiram não comparecer ao ato e condenar a participação de qualquer dirigente da CUT na reunião de lançamento do pacto.
As três entidades, juntas, representam 82 mil trabalhadores.
De acordo com os sindicalistas, alguns dirigentes da CUT aceitaram participar do pacto.
José Maria de Almeida, 41, diretor da Executiva nacional da CUT, disse que a responsabilidade pelo desemprego no país é do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e dos empresários, que pensam somente em obter lucro.
Almeida afirmou que os sindicatos devem concentrar seus esforços na organização da luta contra as demissões, com a mobilização dos trabalhadores, sem participação dos empresários.
O sindicalista Eliezer Mariano da Cunha, 47, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, disse que lamenta que dirigentes sindicais, conscientes da força de pressão dos trabalhadores, deixem ser utilizados em manobras de empresários.
Cunha disse que os sindicatos devem pressionar o governo para que haja redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, reforma agrária e suspensão do pagamento da dívida externa, para que os recursos sejam aplicados na geração de empregos no país.
José Maria de Almeida disse que, em 1994, os sindicatos se uniram à Fiesp na campanha "Brasil Cai na Real", que favoreceu empresários, e não os trabalhadores, que continuaram a ser demitidos.
Uma outra campanha citada por Almeida foi a da "Jornada Flexível", em 96, que também não conseguiu garantir o emprego.

Convenção Coletiva
Outro problema discutido ontem entre os sindicalistas foi o impasse nas campanhas salariais promovidas este ano.
Os sindicatos rejeitam a possibilidade de serem incluídas no acordo coletivo cláusulas como a que cria um banco de horas.
Os sindicatos contrários à Fiesp vão realizar panfletagens.
A Folha tentou falar com os dirigentes da CUT ontem, mas não obteve resposta.
O telefone celular de Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente nacional da CUT, estava com a caixa postal cheia.
Ele estaria em Brasília (DF).



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