Campinas, Domingo, 28 de Janeiro de 2001

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Fábrica fecha, mas carros ainda circulam

DA FOLHA CAMPINAS

Apesar de não ter decolado, o projeto do empresário Amaral Gurgel de criação de um veículo popular autenticamente brasileiro deu certo. Prova disso é a permanência na rua dos carros feitos de fibra e peças brasileiras.
Até hoje, modelos como o X-12, o BR-800 e o Supermini são usados até mesmo por empresas.
O microempresário Luiz Paulo de Toledo, 40, de Sumaré (26 km), tem em sua empresa cinco carros da Gurgel (modelo X-12) -um deles é usado como estoque de peças para substituição.
"Acho que o fechamento da Gurgel foi uma perda para o país. Os carros são bons e baratos. Quando a fábrica existia a manutenção também era barata", disse Toledo.
Atualmente, o maior problema para os proprietários de carros da Gurgel é encontrar peças de substituição. Uma das únicas lojas de revenda de peças de estoque da Gurgel pertence a Alberto Yamanaka, 50, e fica em São Paulo.
A loja é uma das antigas concessionárias autorizadas da Gurgel. No auge da fábrica existiam 70 lojas autorizadas pelo país.
"Hoje recebo pedidos de peças do país inteiro. Sou um dos únicos vendedores que ainda têm estoque de peças da Gurgel", disse Yamanaka.
A proposta inicial de oferecer preços baixos com as peças produzidas dentro do país agora sai caro. Encomendas de outros Estados chegam diariamente a São Paulo. Além do preço alto, a demora na entrega das peças é um dos maiores problemas.
O dentista Plínio de Camargo, 34, de Campinas, proprietário de um BR-800 há nove anos, disse que não reclama do funcionamento do carro.
"Meu único problema é a demora para encontrar peças específicas da Gurgel."
O ex-funcionário da Gurgel em Rio Claro Luiz Antonio Bortolim, 40, disse que, dentro da empresa, a utilização de peças brasileiras era uma obsessão do velho empresário.
"Acho que tudo deu certo com o projeto do Gurgel, o que ele não queria era fazer concessões a políticos", disse Bortolim.


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