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Fábrica fecha, mas carros ainda circulam
DA FOLHA CAMPINAS
Apesar de não ter decolado, o
projeto do empresário Amaral
Gurgel de criação de um veículo
popular autenticamente brasileiro deu certo. Prova disso é a permanência na rua dos carros feitos
de fibra e peças brasileiras.
Até hoje, modelos como o X-12,
o BR-800 e o Supermini são usados até mesmo por empresas.
O microempresário Luiz Paulo
de Toledo, 40, de Sumaré (26 km),
tem em sua empresa cinco carros
da Gurgel (modelo X-12) -um
deles é usado como estoque de
peças para substituição.
"Acho que o fechamento da
Gurgel foi uma perda para o país.
Os carros são bons e baratos.
Quando a fábrica existia a manutenção também era barata", disse
Toledo.
Atualmente, o maior problema
para os proprietários de carros da
Gurgel é encontrar peças de substituição. Uma das únicas lojas de
revenda de peças de estoque da
Gurgel pertence a Alberto Yamanaka, 50, e fica em São Paulo.
A loja é uma das antigas concessionárias autorizadas da Gurgel.
No auge da fábrica existiam 70 lojas autorizadas pelo país.
"Hoje recebo pedidos de peças
do país inteiro. Sou um dos únicos vendedores que ainda têm estoque de peças da Gurgel", disse
Yamanaka.
A proposta inicial de oferecer
preços baixos com as peças produzidas dentro do país agora sai
caro. Encomendas de outros Estados chegam diariamente a São
Paulo. Além do preço alto, a demora na entrega das peças é um
dos maiores problemas.
O dentista Plínio de Camargo,
34, de Campinas, proprietário de
um BR-800 há nove anos, disse
que não reclama do funcionamento do carro.
"Meu único problema é a demora para encontrar peças específicas da Gurgel."
O ex-funcionário da Gurgel em
Rio Claro Luiz Antonio Bortolim,
40, disse que, dentro da empresa,
a utilização de peças brasileiras
era uma obsessão do velho empresário.
"Acho que tudo deu certo com o
projeto do Gurgel, o que ele não
queria era fazer concessões a políticos", disse Bortolim.
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