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CRIME ORGANIZADO
Medida é criticada por comissão parlamentar, mas regional diz não ter provas para punições
Policiais sob investigação da CPI continuam na ativa em Campinas
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas
A Polícia Civil de
Campinas não afastou nenhum dos
policiais que estão
sob suspeita de ligação com o crime organizado pela CPI do Narcotráfico. Dos 22 policias civis suspeitos,
20 permanecem atuando normalmente em suas funções.
A medida é criticada por deputados que integram a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Na última sexta-feira, a corporação começou a remanejar os
policiais, mas eles continuarão
trabalhando em cidades próximas a Campinas.
Apenas o delegado Ricardo de
Lima e o investigador Antônio
Lázaro Constâncio, o "Lazinho",
tiveram prisão temporária decretada pela Justiça e continuam presos a pedido da comissão.
Ambos aguardam decisão do
Tribunal de Justiça do Estado sobre seus pedidos de habeas corpus, que devem ser decididos
amanhã.
Três delegados e seis investigadores de Campinas, convocados
para depor à CPI na cidade e que
não compareceram, serão ouvidos na terça-feira, em Brasília.
O delegado regional, Orlando
Miranda Ferreira, disse que abriu
sindicância para apurar a infiltração do crime organizado na Polícia Civil da região.
"Até agora temos diversos nomes apontados como suspeitos,
mas nenhuma prova ainda nos foi
entregue", afirmou o delegado regional.
Punições
Miranda disse que vai manter
no trabalho os policiais investigados pela CPI por não ter dados
concretos que possam incriminá-los, e portanto, nada que justifique punições.
As mudanças estão acontecendo logo após a Secretaria Estadual
da Segurança Pública oficializar a
reestruturação das Polícias Civil e
Militar no Estado, anunciada no
início deste ano.
O sub-relator da CPI em São
Paulo, deputado federal Celso
Russomano (PPB-SP), defende o
afastamento dos policiais citados
como envolvidos no crime organizado até que sejam concluídas
as investigações.
No entanto o deputado acredita
que a remoção dos policiais para
outras cidades também possa servir para desmantelar uma possível organização criminosa.
Para outro sub-relator da CPI, o
deputado federal Pompeo de
Mattos (PDT-RS), o remanejamento de policiais significa a
transferência de um problema
para outro lugar.
No remanejamento preparado
pela Polícia Civil, os delegados de
Campinas Messias Pimentel de
Camargo Júnior (4º DP), Renato
Lauer (2º DP) e Renato Vieira da
Silva (Setor de Patrimônio) devem ser transferidos, respectivamente, para as cidades de Hortolândia (20 km de Campinas), Cosmópolis (36 km) e Monte Mor (38
km).
Depoimentos
Os delegados Lauer e Vieira foram citados nos depoimentos do
assaltante Gilmar Leite Siqueira,
ouvido pela CPI em Campinas.
O delegado Pimentel foi convocado após a Polícia Federal encontrar uma lista de nomes de policiais, onde ele aparece, no escritório do advogado Arthur Eugênio Mathias, acusado por corrupção de policiais e formação de
quadrilha.
O sub-relator da CPI Robson
Tuma (PFL-SP) acredita que o remanejamento, a exemplo do
ocorrido após o sumiço dos 340
quilos de cocaína de dentro do
IML (Instituto Médico Legal), no
complexo policial de Campinas,
não deve resolver a situação.
Após o desaparecimento da cocaína, em janeiro deste ano, foram afastados João Pinto, ex-delegado regional, José Roberto Rocha Soares, ex-delegado-seccional, e Ricardo de Lima, ex-delegado da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes).
As investigações sobre o sumiço
da cocaína foram um dos principais pontos que levaram ao pedido de prisão de Lima.
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