Campinas, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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CRIME ORGANIZADO
Medida é criticada por comissão parlamentar, mas regional diz não ter provas para punições
Policiais sob investigação da CPI continuam na ativa em Campinas

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

A Polícia Civil de Campinas não afastou nenhum dos policiais que estão sob suspeita de ligação com o crime organizado pela CPI do Narcotráfico. Dos 22 policias civis suspeitos, 20 permanecem atuando normalmente em suas funções.
A medida é criticada por deputados que integram a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Na última sexta-feira, a corporação começou a remanejar os policiais, mas eles continuarão trabalhando em cidades próximas a Campinas.
Apenas o delegado Ricardo de Lima e o investigador Antônio Lázaro Constâncio, o "Lazinho", tiveram prisão temporária decretada pela Justiça e continuam presos a pedido da comissão.
Ambos aguardam decisão do Tribunal de Justiça do Estado sobre seus pedidos de habeas corpus, que devem ser decididos amanhã.
Três delegados e seis investigadores de Campinas, convocados para depor à CPI na cidade e que não compareceram, serão ouvidos na terça-feira, em Brasília.
O delegado regional, Orlando Miranda Ferreira, disse que abriu sindicância para apurar a infiltração do crime organizado na Polícia Civil da região.
"Até agora temos diversos nomes apontados como suspeitos, mas nenhuma prova ainda nos foi entregue", afirmou o delegado regional.

Punições
Miranda disse que vai manter no trabalho os policiais investigados pela CPI por não ter dados concretos que possam incriminá-los, e portanto, nada que justifique punições.
As mudanças estão acontecendo logo após a Secretaria Estadual da Segurança Pública oficializar a reestruturação das Polícias Civil e Militar no Estado, anunciada no início deste ano.
O sub-relator da CPI em São Paulo, deputado federal Celso Russomano (PPB-SP), defende o afastamento dos policiais citados como envolvidos no crime organizado até que sejam concluídas as investigações.
No entanto o deputado acredita que a remoção dos policiais para outras cidades também possa servir para desmantelar uma possível organização criminosa.
Para outro sub-relator da CPI, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), o remanejamento de policiais significa a transferência de um problema para outro lugar.
No remanejamento preparado pela Polícia Civil, os delegados de Campinas Messias Pimentel de Camargo Júnior (4º DP), Renato Lauer (2º DP) e Renato Vieira da Silva (Setor de Patrimônio) devem ser transferidos, respectivamente, para as cidades de Hortolândia (20 km de Campinas), Cosmópolis (36 km) e Monte Mor (38 km).

Depoimentos
Os delegados Lauer e Vieira foram citados nos depoimentos do assaltante Gilmar Leite Siqueira, ouvido pela CPI em Campinas.
O delegado Pimentel foi convocado após a Polícia Federal encontrar uma lista de nomes de policiais, onde ele aparece, no escritório do advogado Arthur Eugênio Mathias, acusado por corrupção de policiais e formação de quadrilha.
O sub-relator da CPI Robson Tuma (PFL-SP) acredita que o remanejamento, a exemplo do ocorrido após o sumiço dos 340 quilos de cocaína de dentro do IML (Instituto Médico Legal), no complexo policial de Campinas, não deve resolver a situação.
Após o desaparecimento da cocaína, em janeiro deste ano, foram afastados João Pinto, ex-delegado regional, José Roberto Rocha Soares, ex-delegado-seccional, e Ricardo de Lima, ex-delegado da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes).
As investigações sobre o sumiço da cocaína foram um dos principais pontos que levaram ao pedido de prisão de Lima.


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