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No Brasil, falar de erro ainda é tabu, dizem executivos

Empreendedores se reúnem em Porto Alegre para discutir ideias apresentadas em convenção nos EUA

BIANCA CARNEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A ideia de compartilhar lições de empresas fracassadas ganha espaço no Brasil. Nesta semana, em Porto Alegre, empreendedores se reuniram para promover a versão brasileira do "Failcon", convenção americana que incentiva a discussão de erros cometidos por executivos de tecnologia.

A ideia de trazer o evento para o Brasil foi de Flavio Steffens, fundador da empresa de soluções em internet Woompa. Ele assistiu a uma palestra em que um bem-sucedido empresário falava mais de erros que de acertos. Ao final da apresentação, ao comentar a surpresa, foi aconselhado a conhecer o evento californiano.

Então, entrou em contato com os organizadores do "Failcon" na Califórnia para trazer a convenção para o Brasil. Para Steffens, trata-se de uma maneira de dividir erros comuns entre novos empreendedores e encorajar empresários inexperientes a dar um passo à frente.

"O que queremos é justamente quebrar um paradigma. Nos países com empreendedorismo consolidado, investe-se em quem já falhou. Aqui não. No Brasil, quem erra é fracassado, burro. Queremos mostrar que todo mundo erra e que as pessoas vão continuar errando", explica Rafael Chanin, um dos organizadores da versão brasileiro do evento.

Uma das principais ideias debatidas em Porto Alegre foi que os erros de negócios principiantes devem se revelar o quanto antes.

"O fracasso é certo e vai acontecer, então melhor que seja rápido. Sucesso é igual à experiência, e experiência só vem com fracassos", afirma Juan Bernabó, empresário que está há mais de 26 anos no mercado de softwares. Ele foi um dos palestrantes do evento.

Segundo os palestrantes, os erros mais comuns que empreendedores cometem ao iniciar um negócio são falta de conhecimento da área de atuação, apego emocional às ideias e dificuldade de planejamento. A necessidade de testar ideias antes de lançá-las no mercado também foi citada pelos especialistas.

VERGONHA

O empresário Cassio Machado, presidente do MobiGroup, grupo de investimentos em empresas de mobilidade, admite que falar do fracasso é difícil. Ele falou ao público sobre as três empresas que fundou no passado que nunca deram resultado.

"Depois que já se fez sucesso é muito mais fácil falar dos erros. Se eu não tivesse tido sucesso, teria muita vergonha de falar dos erros", confessa.

Machado considera que seus principais erros foram a escolha dos sócios e a inexperiência na área de negócios. "Por mais que tenha ficado sete anos sem ganhar nada, foi muito importante para me dar segurança, para realizar algo novo hoje e admitir meus erros", afirma.

A próxima edição nacional do Failcon ocorrerá em abril de 2013, em Porto Alegre.

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