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Computador com programa "telepata" lê palavra na mente
Usando teorias de lingüística e banco de dados de texto, máquina de ressonância identifica pensamento de pessoas
Experimento nos EUA previu como o cérebro reagiria a algumas palavras; estudo abre caminho para criar "teclado mental" no futuro
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine como seria confortável sentar na frente de um
computador e escrever um texto sem apertar uma única tecla,
e sem ter que falar. Apenas com
nosso pensamento, as letras começariam a pipocar na tela. Essa tecnologia só existe ainda no
reino da ficção científica, mas
um grupo de cientistas americanos deu uma passo importante para que ela possa, talvez,
se tornar realidade no futuro.
Em um experimento na Universidade Carnegie Mellon, em
Pittsburgh (EUA), uma máquina de ressonância magnética ligada a um computador com um
banco de dados de textos conseguiu identificar palavras que
eram pensadas por pessoas. O
experimento está descrito na
última edição da revista "Science" (www.sciencemag.org).
Não é a primeira vez que os
cientistas conseguem mapear o
padrão de ativação cerebral
-mostrar quais neurônios do
cérebro se tornam mais ativos- em reação a determinadas palavras. Desta vez, porém,
os pesquisadores deram um
passo além. Um programa de
computador conseguiu prever
como seria o padrão de ativação em reação a palavras que
nunca haviam sido pensadas
por ninguém dentro do aparelho de ressonância magnética.
No experimento, realizado
com nove voluntários, a maior
parte da memória do computador era alimentada apenas com
um banco de dados de textos
-contendo centenas de milhões de frases. O software usado no experimento sabia -por
meio de experimentos realizados previamente- qual era o
padrão de ativação cerebral para apenas 58 palavras, todas
substantivos concretos.
Com base nesse conhecimento e em uma programação
baseada em critérios sofisticados de lingüística, o computador conseguiu adivinhar com
uma precisão de 77% qual seria
o padrão de outras duas palavras que seu programa de ressonância magnética não conhecia ainda. O segredo dentro
do software, dizem os pesquisadores, é que ele "imita" a maneira com que o cérebro pensa
sobre as coisas palpáveis.
Pensamento concreto
"Nós somos fundamentalmente perceptores e atores, então o cérebro representa o significado de um substantivo
concreto em áreas cerebrais associadas com a maneira com
que as pessoas sentem ou manipulam aquilo", afirma Marcel
Just, cientista que liderou o experimento. "O significado de
uma maçã, por exemplo, é representado em áreas cerebrais
responsáveis por paladar, olfato, mastigação. Uma maça é
aquilo que você faz com ela."
O que o software criado pelos
cientistas fez, então, foi vasculhar o banco de dados de texto
para saber com quais tipos de
sensação cada palavra estava
mais associada. Sabendo como
eram as associações para "maçã", por exemplo, o programa
conseguia criar um perfil de
significado para "banana".
"Acreditamos ter identificado vários dos tijolos que o cérebro usa para construir significados", diz Tom Mitchell, um
dos criadores do programa. Segundo ele, entender como o cérebro codifica a linguagem
também ajudará cientistas a
entender melhor problemas de
cognição como o autismo.
A dificuldade para dar continuidade à pesquisa, agora, é
que por enquanto o método só
funciona para substantivos
concretos. Em comunicado à
imprensa, porém, os pesquisadores afirmam que já estão estudando estratégias para identificar substantivos abstratos,
adjetivos e até frases simples.
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