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Manter florestas não deixará o país menos competitivo, diz ONG
Grupo afirmara que preservação ajudaria agricultores dos EUA
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
Os responsáveis pelo estudo do mês passado que defendia a preservação de florestas no Brasil porque ela
ajudaria a agricultura dos
EUA estão preocupados com
a repercussão do documento. Ontem, divulgaram outro
artigo. Evitar o desmate traria benefícios econômicos
também para o Brasil, dizem.
"O relatório original foi
bastante mal interpretado
pelos seus críticos. Ganhos
para os Estados Unidos não
significam perdas para o Brasil", disse à Folha Glenn Hurowitz, diretor do escritório
de Washington da ONG Avoided Deforestation Partners,
responsável pelo trabalho,
batizado de "Florestas lá,
plantações aqui".
Um trecho polêmico do relatório original dizia que "eliminar o desmatamento [nos
trópicos] até 2030 limitará a
receita para a expansão agrícola e para a atividade madeireira nos países tropicais,
nivelando o campo de jogo
para os produtores americanos no mercado global".
Proteger as florestas, portanto, prejudicaria a produção de carne, soja e madeira
em países como o Brasil, reduzindo a concorrência à
produção americana.
A tese conseguiu façanha
rara: causou desconforto
tanto em ambientalistas
quanto em ruralistas. Estes a
interpretaram como uma
tentativa de minar a produção agrícola do país. Aqueles
acharam absurdo relacionar
a produtividade brasileira
com a quantidade de terras
ocupadas e não com a eficiência do seu uso.
Segundo a ONG, porém,
não se tratava disso. Hurowitz lembra que o desmatamento está diminuindo no
Brasil, mas nem por isso a
agricultura deixa de ser cada
vez mais produtiva. Para argumentar, a ONG divulgou
ontem estimativas que diziam que reduzir o desmatamento pode impulsionar a
receita do país em algo entre
R$ 260 bilhões e R$ 545 bilhões até 2030.
O objetivo original do relatório era convencer senadores dos EUA ligados ao agronegócio a aprovarem a lei de
mudança climática.
"Nos EUA, pode ser difícil
ganhar apoio de muitos congressistas para políticas como a proteção de florestas
tropicais que beneficiam, antes de tudo, outros países, a
não ser que você demonstre
que essas políticas podem
também beneficiar os Estados Unidos", diz Hurowitz.
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