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Produtor diz que só refloresta se área de reserva diminuir
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Um grupo de 72 produtores
rurais do sul do Pará condicionou a implantação de um projeto de reflorestamento em
áreas desmatadas à redução da
exigência de reserva legal (área
que não pode ser desmatada),
que na Amazônia é de 80% de
cada propriedade rural.
"É inviável economicamente
fazer reflorestamento na Amazônia enquanto só pudermos
fazer reflorestamento em, no
máximo, 20% da propriedade",
disse Luciano Guedes, presidente da Cooperativa de Reflorestamento Carajás.
Segundo ele, os produtores
vão aguardar a tramitação na
Câmara do projeto de lei que
prevê mudanças nos percentuais de reserva legal em propriedades da Amazônia.
Pelo texto aprovado em dezembro na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, a reserva legal pode ser reduzida a até 50% da área do
imóvel, de acordo com a orientação contida no ZEE (Zoneamento Ecológico Econômico)
-estudo que disciplina a ocupação das áreas.
Se esse projeto de lei for
aprovado, os produtores dizem
que utilizariam 350 mil hectares para o reflorestamento de
diversas espécies florestais. Essa proposta reúne pecuaristas
de 15 municípios do sul do Pará.
O objetivo dos produtores é
criar uma alternativa à pecuária, com a comercialização de
madeira e de créditos de carbono -mercado que gira em torno de projetos que reduzam a
emissão de gases-estufa.
"Queremos criar uma alternativa econômica compatível
com o novo momento em que
vivemos no Brasil e no mundo",
disse Guedes. "Uma das alternativas que queremos é o mercado de carbono, o que não exclui o uso da madeira."
Para Guedes, os produtores
do Estado poderão ter dificuldades para comprovar a reserva legal de 80% em suas propriedades. Na semana passada,
o governo federal anunciou um
cadastramento dos imóveis rurais dos 36 municípios -12 deles no Pará- que lideram o desmatamento na Amazônia, no
qual será exigida a comprovação da reserva legal. "É possível
[que os produtores tenham dificuldade em comprovar a reserva legal de 80% das propriedades]. Se a lei do zoneamento
ecológico econômico for aprovada, talvez consigam. Do jeito
que está agora, quem consegue,
em São Paulo, [mostrar] que
tem 20% de reserva legal, ou no
Pará, que tem 80%? Ninguém.
É uma hipocrisia", diz Guedes.
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