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Pesquisadores defendem Inpe em manifesto
EM BRASÍLIA
Cientistas de vários centros de pesquisa do governo
divulgaram ontem uma carta
em defesa do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), cujos dados sobre a
aceleração do desmatamento na Amazônia de agosto a
dezembro foram criticados
pelo Ministério da Agricultura, pelo governo de Mato
Grosso e até pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O sistema Deter (Detecção
do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, estimou
que só nos últimos cinco meses de 2007 a área desmatada
na Amazônia foi da ordem de
7.000 quilômetros quadrados. A cifra equivale a 62% de
tudo o que se desmatou no
período de agosto de 2006 a
julho de 2007.
O número foi considerado
alto demais por Lula -que
não se conforma com uma
aceleração tão grande, após
três anos seguidos de queda
no ritmo de desmatamento-
, que pediu ao Inpe uma checagem dos dados.
A carta assinada por cem
cientistas, de seis institutos e
três universidades, diz que
pôr em dúvida a eficácia do
Deter e "a lisura, a competência e a isenção do Inpe (...)
serve a ninguém mais que os
desmatadores ilegais da floresta amazônica".
"O fato de que os números
do Inpe estariam sob investigação para minimizar o impacto do aumento do desmatamento acaba se voltando
contra os cientistas que produzem informações com todo rigor metodológico", disse
à Folha Ima Vieira, diretora
do Museu Paraense Emílio
Goeldi, instituição, como o
Inpe, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
"O problema não reside
nas pesquisas e nos programas de monitoramento e
sim na profunda falta de
convergência entre as políticas públicas de desenvolvimento regional."
Para Antônio Donato Nobre, do Inpe, a "desmoralização oficial" da ciência, "sob
encomenda do agronegócio", lembra o que aconteceu
nos EUA na década de 1990,
quando os lobbies do carvão
e do petróleo tentaram solapar a ciência da mudança climática. "Graças a essa não-aceitação, perdemos 15 anos
de ações no combate ao
aquecimento global. Vamos
fazer mais pesquisa para documentar a destruição final
da Amazônia? Por quantos
anos? Até quando já for tarde demais, como é o caso para o clima?"
(CLAUDIO ANGELO)
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