|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMBIENTE
Brasileiros usam radiação para reciclar óleo lubrificante
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa do Ipen
(Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares)
usou raios gama para reciclar
óleo lubrificante usado, acelerando sua recuperação e
reduzindo impactos ambientais do processo.
Segundo levantamento da
pesquisa, atualmente existem cerca de dez empresas
que reciclam de forma convencional esse tipo de óleo
no Brasil. Os processos requerem reagentes químicos
e geram rejeitos.
O uso da radiação gama,
gerada por fonte de cobalto-60, elimina etapas dos processos convencionais e não
utiliza reagentes químicos.
O óleo lubrificante dos veículos não é consumido totalmente quando está nos automóveis. Seus resíduos são altamente tóxicos e perigosos,
por isso é proibido o seu descarte na natureza.
Os estudos mais recentes
mostram que o Brasil produz
cerca de 1 bilhão de litros de
óleo lubrificante por ano.
Desse volume, aproximadamente 650 milhões de litros
são queimados ou incorporados ao processo. Dos 350 milhões restantes, 240 milhões
são reciclados. Não há dados
sobre o que ocorre com os
outros 110 milhões de litros
-não se sabe se são queimados ou descartados no solo
ou em rios, por exemplo.
Segundo o pesquisador,
Marcos A. Scapin, que desenvolveu a nova técnica em seu
doutorado, o processo usa
apenas água e radiação.
De acordo com ele, o método poderá ser explorado industrialmente, mas ainda
faltam ajustes. "A pesquisa
aponta para um tratamento
promissor, principalmente
por ser uma tecnologia limpa. Mas fizemos numa escala
piloto. Há necessidade de
otimizar o processo", disse.
Deve-se tentar, por exemplo, usar uma dose menor de
radiação -quanto maior a
dose, mais caro o processo.
Outra questão importante
ainda não observada são os
gases produzidos no processo. "Em grande escala, os gases tóxicos e não tóxicos precisam ser analisados."
Menos enxofre
Scapin assegura que não
há geração de nenhum tipo
de resíduo radioativo.
"Quanto aos elementos inorgânicos, estes ficam retidos
na água, que após tratamento de remoção é utilizada novamente no processo."
Um dos pontos positivos
do processo com radiação é
que níveis significativos de
remoção de elementos inorgânicos são alcançados. Houve remoção, por exemplo, de
68% do enxofre -ou 10% a
mais do que ocorre no processo convencional. O enxofre é indesejável nos derivados de petróleo pois, entre
outros fatores, colabora com
a ocorrência de chuva ácida.
O processo proposto não
permite reutilizar o óleo tratado nos automóveis, porém
há uma possibilidade de reutilizá-lo principalmente como combustível, já que uma
parte dos compostos que se
formam são classificados como altamente inflamáveis.
Os estudos preliminares
da pesquisa de Scapin já foram publicados no periódico
científico "Radiation Physics
and Chemistry".
Texto Anterior: Flor usa nicotina em manipulação sexual Próximo Texto: Cérebro: Filho de pai velho tende a transtorno bipolar Índice
|