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Lei que protege geleiras na Argentina pode cair depois de veto presidencial
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Afetadas pelo aquecimento
global, as geleiras da Argentina
podem sofrer mais uma ameaça agora, com o governo tendo
derrubado o projeto de lei que
protege essas formações da exploração mineral.
Desde que vetou o texto, em
10 de novembro, a presidente
Cristina Kirchner tem sido criticada por ambientalistas e políticos de oposição, que apontam motivações econômicas
para a revogação do status de
área protegida das geleiras.
A lei conservacionista, aprovada no Senado em outubro,
criava um inventário nacional
de geleiras e proibia manejo de
produtos químicos, instalação
de indústrias e exploração mineral e petrolífera nessas formações e em seu entorno.
Após o veto, o assunto foi
obrigado a voltar ao Congresso
argentino. Cristina tinha classificado as restrições da lei como
"excessivas" e citou ainda a
preocupação de governadores
da região pelas "repercussões
negativas no desenvolvimento
econômico" do país.
Um dos opositores à proteção é o governador da Província
de San Juan, José Luís Gioja, do
mesmo partido de Cristina (Peronista) e notório defensor da
mineração. A mineradora canadense Barrick Gold explora
na região reservas de ouro estimadas em 850 toneladas.
A reação ambientalista ao veto presidencial não demorou.
Em carta a Cristina, o Greenpeace pediu a revisão da decisão. "Não considerar aspectos
ambientais como condição para a produção, antes que um limite, é contraditório com a gestão requerida em época de crise
ambiental", diz a ONG. Juntaram-se ao Greenpeace grupos
como a Rede Argentina de Advogados para Defesa do Ambiente e outras 23 entidades.
A Secretaria do Ambiente do
país já convocou governadores
da região gelada para tentar
elaborar uma lei consensual.
Neste ano, a Perito Moreno,
geleira da Patagônia que tem
quase o tamanho de Buenos Aires, rompeu-se pela primeira
vez num inverno. Os glaciares
da região tiveram redução de
10% a 20% de área nos últimos
anos. E cerca de cem geleiras
encolhem hoje na Argentina,
Chile, Itália, Espanha e Suíça.
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