São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Lei que protege geleiras na Argentina pode cair depois de veto presidencial

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Afetadas pelo aquecimento global, as geleiras da Argentina podem sofrer mais uma ameaça agora, com o governo tendo derrubado o projeto de lei que protege essas formações da exploração mineral.
Desde que vetou o texto, em 10 de novembro, a presidente Cristina Kirchner tem sido criticada por ambientalistas e políticos de oposição, que apontam motivações econômicas para a revogação do status de área protegida das geleiras.
A lei conservacionista, aprovada no Senado em outubro, criava um inventário nacional de geleiras e proibia manejo de produtos químicos, instalação de indústrias e exploração mineral e petrolífera nessas formações e em seu entorno.
Após o veto, o assunto foi obrigado a voltar ao Congresso argentino. Cristina tinha classificado as restrições da lei como "excessivas" e citou ainda a preocupação de governadores da região pelas "repercussões negativas no desenvolvimento econômico" do país.
Um dos opositores à proteção é o governador da Província de San Juan, José Luís Gioja, do mesmo partido de Cristina (Peronista) e notório defensor da mineração. A mineradora canadense Barrick Gold explora na região reservas de ouro estimadas em 850 toneladas.
A reação ambientalista ao veto presidencial não demorou. Em carta a Cristina, o Greenpeace pediu a revisão da decisão. "Não considerar aspectos ambientais como condição para a produção, antes que um limite, é contraditório com a gestão requerida em época de crise ambiental", diz a ONG. Juntaram-se ao Greenpeace grupos como a Rede Argentina de Advogados para Defesa do Ambiente e outras 23 entidades.
A Secretaria do Ambiente do país já convocou governadores da região gelada para tentar elaborar uma lei consensual.
Neste ano, a Perito Moreno, geleira da Patagônia que tem quase o tamanho de Buenos Aires, rompeu-se pela primeira vez num inverno. Os glaciares da região tiveram redução de 10% a 20% de área nos últimos anos. E cerca de cem geleiras encolhem hoje na Argentina, Chile, Itália, Espanha e Suíça.


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