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Ilhas propõem novo protocolo na COP-16
DO ENVIADO A CANCÚN
Um dia depois de o Japão
ter declarado em Cancún que
não aceitaria uma segunda
fase do Protocolo de Kyoto,
as nações-ilhas deram o troco: propuseram na COP-16
um novo protocolo contra
emissões de gases-estufa.
As ilhas são os países que
mais sofrem com as mudanças climáticas. Seu objetivo é
criar um tratado legalmente
vinculante, algo que se perdeu de vista após a derrocada
da conferência de Copenhague, no ano passado.
O novo protocolo se somaria a uma segunda fase do
acordo de Kyoto e valeria para os países do chamado LCA
(grupo de ações de longo prazo), que não integram Kyoto:
as nações em desenvolvimento e os EUA.Estes últimos teriam metas obrigatórias de redução de emissões,
comparáveis às dos signatários de Kyoto.
"Nós propusemos isso há
um ano e meio, achando que
fosse haver um acordo legalmente vinculante em Copenhague. Aqui estamos, em
mais uma COP, e isso não foi
concluído", disse o negociador de Tuvalu, Ian Fry.
À Folha, Fry reconheceu
que é impossível obter um
acordo com peso de lei em
Cancún, mas que a ideia é
que isso aconteça já no ano
que vem, na COP-17, em Durban, África do Sul.
O Brasil apoiou a iniciativa
das ilhas. "É claro que temos
de ser simpáticos à proposta", disse o embaixador Sérgio Serra. "Porém, cristalizar
as metas pífias que existem
hoje num protocolo não é interessante." Foi criar um grupo para debater essas ideias.
O movimento das ilhas
tem pouca chance de vingar,
mas é uma maneira de criar
pressão política num momento em que as negociações começam a ficar tensas.
"Está tudo negro", disse
um diplomata latino-americano. Segundo ele, a principal fonte de tensão são os
EUA, que têm insistido em
um pacote completo de decisões em Cancún -inclusive
em temas espinhosos para
países em desenvolvimento,
como transparência em cumprimento de reduções- na linha do "ou tudo ou nada".
Ele afirma que a delegação
americana está amarrada pela situação doméstica e quer
empurrar para a China a culpa por um eventual fracasso
na COP-16.
(CA)
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