São Paulo, domingo, 03 de janeiro de 2010

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Líder já foi da Aeronáutica e quis ser padre

DO ENVIADO A ALCÂNTARA

Sérvulo Borges, 47, o Borjão, é o líder do Mabe (Movimento dos Atingidos pela Base de Alcântara). Mas ele já esteve do outro lado do conflito.
Ele entrou para a Aeronáutica, assim como outras dezenas de garotos de Alcântara. "Levaram a gente para São Paulo. A gente voltava saudável, bonito. Aí ajudávamos a convencer o pessoal a sair das suas terras, ajudávamos na mudança. Éramos alienados, vítimas."
Ficou até o começo da década de 1990, quando voltou para Alcântara. Aproximou-se da Igreja Católica. "Em 13 de maio [dia da libertação dos escravos] de 1993 , eu estava lá na igreja, doidinho para ser padre, alienadinho. Estava escutando uma rádio católica de São Luís. Eles estavam falando sobre o que significava aquele dia. As coisas começaram a fazer sentido para mim."
Começou a frequentar seminários, a ler sobre quilombos, a se aproximar de antropólogos, de ONGs.
Ele critica os "brancos do Sul" -produtores rurais gaúchos- que "estão invadindo tudo, inclusive o Maranhão, deixando esses CTGs [Centros de Tradições Gaúchas] por aí".
Borjão se dedica hoje somente ao Mabe. Diz que vive com dificuldade. Segundo ele, quem segura as pontas quando "não tem nenhum projeto do governo" é a mulher, que é professora de ensino infantil.
Quer agora se mudar para o Rio de Janeiro. Lá, pretende colaborar com um movimento nacional de quilombolas. (RM)


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