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Líder já foi da Aeronáutica e quis ser padre
DO ENVIADO A ALCÂNTARA
Sérvulo Borges, 47, o
Borjão, é o líder do Mabe
(Movimento dos Atingidos pela Base de Alcântara). Mas ele já esteve do
outro lado do conflito.
Ele entrou para a Aeronáutica, assim como outras dezenas de garotos de
Alcântara. "Levaram a
gente para São Paulo. A
gente voltava saudável,
bonito. Aí ajudávamos a
convencer o pessoal a sair
das suas terras, ajudávamos na mudança. Éramos
alienados, vítimas."
Ficou até o começo da
década de 1990, quando
voltou para Alcântara.
Aproximou-se da Igreja
Católica. "Em 13 de maio
[dia da libertação dos escravos] de 1993 , eu estava
lá na igreja, doidinho para
ser padre, alienadinho. Estava escutando uma rádio
católica de São Luís. Eles
estavam falando sobre o
que significava aquele dia.
As coisas começaram a fazer sentido para mim."
Começou a frequentar
seminários, a ler sobre
quilombos, a se aproximar
de antropólogos, de ONGs.
Ele critica os "brancos
do Sul" -produtores rurais gaúchos- que "estão
invadindo tudo, inclusive
o Maranhão, deixando esses CTGs [Centros de Tradições Gaúchas] por aí".
Borjão se dedica hoje somente ao Mabe. Diz que
vive com dificuldade. Segundo ele, quem segura as
pontas quando "não tem
nenhum projeto do governo" é a mulher, que é professora de ensino infantil.
Quer agora se mudar para o Rio de Janeiro. Lá,
pretende colaborar com
um movimento nacional
de quilombolas.
(RM)
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