São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Falha em revestimento do tanque ameaça Discovery

France Presse/Joe Raedle/Getty Images
Ônibus especial posto em sua plataforma de lançamento


Nasa acha rachadura em espuma térmica do módulo de combustível da nave

Problema assombra ônibus espaciais desde explosão da Columbia em 2003; Nasa estuda cancelar lançamento marcado para hoje à tarde

DA REDAÇÃO

A descoberta de uma pequena rachadura na espuma de proteção térmica do tanque do ônibus espacial Discovery levantou mais dúvidas sobre a viabilidade de sua atual missão. Técnicos e diretores da agência espacial dos EUA se reuniam ontem para tentar determinar se a espaçonave poderia decolar de maneira segura hoje.
A falha de 13 cm por 1 cm foi descoberta em uma inspeção de rotina na madrugada de ontem, após o adiamento da decolagem do Discovery, marcado inicialmente para sábado. O lançamento foi cancelado duas vezes por causa do mau tempo.
Autoridades da Nasa fizeram várias reuniões durante a tarde, mas até o fechamento desta edição não haviam decidido se o ônibus espacial poderia partir. A atual janela de lançamento (intervalo de tempo viável para a nave partir rumo a seu destino) vai até 19 de julho, e qualquer reparo necessário teria de ser feito até lá.
A rachadura encontrada ontem fica em um suporte que mantém alinhado o tubo de alimentação de oxigênio líquido superfrio do tanque. Essa estrutura sofre desgaste durante o abastecimento da nave e quando o combustível é retirado -como no caso de um lançamento adiado. Um choque térmico pode ter causado a falha.
Segundo a Nasa, a abertura na espuma é pequena, se comparada ao pedaço do material do tamanho de uma mala que se desprendeu do tanque do Columbia e bateu em sua asa esquerda, em 2003. O acidente danificou o escudo térmico da nave, que explodiu durante a volta à Terra. A atual missão é a segunda de um ônibus espacial desde o desastre, que matou sete astronautas.
Mas a atual rachadura não é considerada grave. "Ela tem metade do tamanho que acreditamos que possa danificar o orbitador [Discovery]", disse John Shannon, vice-diretor do programa do ônibus espacial.
O tanque foi reprojetado duas vezes nos últimos três anos, mas a Nasa admite que o problema do desprendimento da espuma ainda não está resolvido. A agência assume um risco ao prosseguir com a missão, pois o programa de ônibus espaciais será cancelado se sofrer mais uma baixa.
Caso seja necessário consertar a rachadura, é provável que o reparo possa ser feito sem remover a nave da plataforma de lançamento, afirmou a Lock-heed Martin, empresa que fabrica o tanque. Mover o ônibus espacial para o prédio de montagem levaria duas semanas e faria a nave perder a janela.
A atual missão, uma viagem para continuar a montagem da ISS (Estação Espacial Internacional), teve a agenda mantida contra a vontade de autoridades de alto escalão na Nasa. Técnicos queriam mais tempo para trabalhar no problema da espuma, mas a agência resolveu prosseguir com o vôo, criando um plano de salvamento para os astronautas caso a nave sofra avarias. A tripulação aguardaria socorro dentro da ISS, e a Nave seria trazida de volta por controle remoto.


Com agências internacionais

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