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POLÍTICA CIENTÍFICA
Plebiscito desafia decisão do governo Bush e aprova verba para pesquisa com embriões por dez anos
Califórnia dá US$ 3 bi para célula-tronco
DA REDAÇÃO
Na contramão das políticas da
administração Bush e de sua vitória avassaladora na eleição americana, o Estado da Califórnia aprovou ontem a destinação de US$ 3
bilhões durante dez anos para a
pesquisa com células-tronco embrionárias humanas.
A medida torna a Califórnia o
primeiro Estado americano a financiar com verbas públicas esse
tipo de investigação, tema de debates acalorados no país. Um de
seus principais apoiadores, ironicamente, foi o governador Arnold
Schwarzenegger, republicano.
A chamada Proposta 71 foi
aprovada em plebiscito por 59%
dos eleitores californianos e rejeitada por 41% deles, segundo resultados preliminares. Ela teve
apoio de outras estrelas de Hollywood, como Brad Pitt e Michael J.
Fox, além de US$ 25 milhões em
contribuições de campanha feitas
por empresários do Vale do Silício, pelos co-fundadores da Microsoft, Bill Gates e Paul Allen, e
por pais de crianças doentes.
"Isso faz me sentir muito bem
pela minha filha e por todas as
pessoas no Estado que esperam
uma cura", disse a produtora de
cinema Janet Zucker, que tem
uma filha diabética. "A ajuda está
a caminho", afirmou.
As células-tronco são uma
aposta da medicina devido ao seu
potencial de se converter em qualquer tipo de tecido no organismo,
de células do coração a outros
músculos, ossos e até neurônios.
Num prazo de sete anos a quatro décadas, avaliam especialistas,
elas podem ser usadas para tratar
doenças degenerativas, como diabetes e mal de Parkinson, e lesões
da medula ou do coração.
Sua obtenção, no entanto, passa
por um dilema ético: elas são encontradas em embriões com cerca de cinco dias de vida e, para serem extraídas, esses embriões são
destruídos. Religiosos e grupos
antiaborto -que saíram fortalecidos com a reeleição de Bush-
afirmam que a destruição de embriões humanos é o equivalente
moral do assassinato.
Hoje, o financiamento público
para pesquisas com células-tronco embrionárias se restringe a
US$ 25 milhões por ano. Só podem ser pesquisadas 19 linhagens
que já haviam sido derivadas
-ou seja, para cuja obtenção embriões já haviam sido destruídos- há alguns anos.
Essas linhagens, no entanto, são
pouco flexíveis (têm baixa capacidade de diferenciação) e, segundo
estudos recentes, não podem ser
implantadas em humanos.
A medida cria o Instituto Californiano de Medicina Regenerativa e custará aos endividados cofres do Estado US$ 6 bilhões por
ano. Mas seus apoiadores dizem
que ela injeta ânimo em um campo moribundo de pesquisa.
Com agências internacionais
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