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RUMO A COPENHAGUE
Governo deixa meta de CO2 para depois
Brasil pode guardar na manga para conferência do clima de Copenhague medidas mais ambiciosas de redução de emissões
Compromisso de reduzir desmate na Amazônia fica, mas corte de 40% proposto por Carlos Minc pode não ser expresso em números
Alan Marques/Folha Imagem
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Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, conversa com Carlos Minc (Meio Ambiente) durante entrevista após reunião ministerial
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro sinalizou ontem que poderá levar
uma meta ampla para diminuir
a emissão de gases-estufa apenas como uma carta na manga
para a conferência do clima de
Copenhague, no mês que vem.
Ou seja, somente a apresentará
caso haja o comprometimento
de outras nações com o tema,
em especial China e EUA.
Caso contrário, como sugeriu
ontem a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), utilizará os dados como medidas internas. A
avaliação do governo brasileiro
é que a conferência tende a fracassar, por isso a cautela quanto a uma meta internacional.
"O Brasil está disposto a fazer
o maior esforço possível para
que essa reunião em Copenhague seja bem sucedida, mas ele
vai fazer a parte dele. Ele vai fazer por si mesmo algumas propostas que são para o Brasil
cumprir. São mais uma oferta e
um objetivo que o Brasil vai colocar para si", disse a ministra,
que estará à frente da comitiva
brasileira na Dinamarca.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revendo sua disposição inicial, sinalizou que só iria
a Copenhague se outros chefes
de Estado comparecessem.
A proposta idealizada, como
sinalizou ontem o chanceler
Celso Amorim, deve ficar em
torno de 40% de redução em
relação ao que seriam as emissões brasileiras em 2020 caso
nada fosse feito. Não se trata de
um corte absoluto, mas sim de
um "desvio de trajetória".
A redução em 80% do desmatamento na Amazônia responderia por 20% desse desvio, e os
20% restantes viriam de outros
quatro eixos: redução do desmatamento em outros biomas,
um setor siderúrgico sustentável, produção de eletricidade
limpa e agropecuária eficiente.
Porém, diferentemente do
que vinha propondo o ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente),
somente a meta de redução do
desmatamento deverá ser expressa em números. Os 20%
restantes seriam ações que o
Brasil declararia, mas sem se
comprometer com o resultado.
O governo sabe que, para ter
metas ambiciosas, não depende
apenas de suas pernas. Principalmente em relação à queda
do desmatamento, o Brasil conta com recursos estrangeiros.
Os países em desenvolvimento
esperam a criação de um fundo
de US$ 400 bilhões, mas, por
ora, não há ofertas dos países
desenvolvidos na mesa.
A definição da meta, caso seja
divulgada, depende também da
estimativa de crescimento da
economia até 2020. O Ministério do Meio Ambiente, a pedido
de Dilma, apresentou projeções diante de um crescimento
anual médio de 4%, 5% e 6%.
Segundo a Folha apurou, Lula e Dilma devem bater o martelo nas estimativas mais altas
do PIB (5% ou 6%). Mas isso
não deve alterar a meta de 20%
por corte no desmatamento.
Ontem, Lula reuniu representantes de oito ministérios
para tratar do tema. Definiu
apenas a cifra para a Amazônia.
Sexta-feira 13
O restante dependerá de projeções a serem apresentadas no
dia 13, sexta-feira, pelas pastas.
"O número tem de ser credível. Nós não estamos aqui para
fazer uma proposta que não tenha credibilidade", disse a ministra, que completou: "Estamos fazendo isso de forma voluntária. Não estamos fazendo
isso porque alguém definiu que
a gente tinha de fazer".
A falta do anúncio da meta
brasileira ontem desapontou
ONG ambientalistas que acompanham as negociações do clima em Barcelona.
"O governo tinha criado uma
expectativa. A sensação é de
frustração", disse Katia Maia,
do escritório da Oxfam no Brasil. "Essa ausência de metas
precisa ser melhor explicada."
Paulo Adário, do Greenpeace, criticou a atuação de Dilma.
"A sinalização que ela dá nessa
discussão é claramente: "Eu
não estou interessada nessa
discussão ambiental"."
(EDUARDO SCOLESE, KENNEDY ALENCAR e SIMONE IGLESIAS)
Colaboraram ROBERTO DIAS , em Barcelona, e
CLAUDIO ANGELO, editor de Ciência
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