São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Italianos rejeitam parecer oficial e confiam no método Di Bella

ADRIANA NIEMEYER
especial para a Folha, de Roma

O relatório que reprovou as primeiras experiências do tratamento para o câncer proposto pelo médico Luigi di Bella, apresentado na semana passada pela comissão científica do Ministério da Saúde da Itália, não muda a opinião dos italianos.
Uma pesquisa encomendada pelo jornal "La Repubblica" mostra que 2 de cada 3 italianos continuam acreditando que o "método Di Bella" é mais eficaz que os tratamentos tradicionais.
Segundo o resultado da pesquisa, 65% dos entrevistados têm muita confiança no médico -que é professor da Universidade de Modena.
À pergunta "Quem tem razão: a comissão científica ou Di Bella?", 33% responderam favoravelmente a Di Bella. Somente 10% disseram acreditar na veracidade do trabalho da comissão.
"Para um doente de câncer, o seu mal não é só físico. O médico não deve ser somente um mecânico que conserta a parte danificada. Quando as necessidades dos pacientes não são atendidas, é lógico que o número de curas heterodoxas aumenta", comenta Paolo Canttorini, professor de bioética da Universidade de Varese.
Segundo Canttorini, a comissão que analisou a terapia pede aos doentes e aos seus familiares uma "maior racionalidade".
"Mas, para quem deve enfrentar as filas, a sujeira dos hospitais, o mau humor dos médicos e enfermeiras e a deficiência do sistema sanitário italiano, muito abaixo do padrão europeu, falar em "razão' é querer não ser levado a sério", afirma Canttorini.
Quatro pacientes de Turim, (norte da Itália), que participavam dos testes "de observação" da terapia financiada pelo governo italiano, entraram com recurso na Justiça para receber as drogas receitadas por Di Bella.



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