São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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Cai doença ligada a saneamento

DA SUCURSAL DO RIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Menos gente está adoecendo no país por causas relacionadas à falta de saneamento básico e de tratamento da água destinada ao consumo humano. O número de internações em razão de enfermidades como diarréia, difteria, malária, hepatite, dengue e outras recuou de 730 por 100 mil habitantes em 1993 para 375 por 100 mil habitantes em 2002, segundo dados coletados pelo IBGE.
À primeira vista, os números podem indicar que o saneamento avançou nesse período, o que fez cair o total de internações. Mas a razão principal não é essa. O maior motivo é a consolidação do SUS (Sistema Único de Saúde) nos anos 90, segundo André Monteiro Costa, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) responsável pela pesquisa que serviu de base para o IBGE.
O SUS, avalia ele, deu enfoque maior à atenção básica à saúde, o que resultou em queda no número de pessoas com doenças provocadas por condições de higiene precárias. "Essa é a nossa hipótese, já que houve uma melhora muito discreta do saneamento."
Segundo dados do IBGE, o percentual de domicílios ligados à rede geral de água aumentou de 88,3% em 1992 para 91,3% em 2002 nas áreas urbanas -nas rurais, passou de 12,3% para 22,7%. Já o saneamento adequado (rede coletora ou fossa séptica) cresceu de 65,9% para 74,9% dos domicílios urbanos. Na zona rural, a cobertura continua muito menor -foi de 10,3% para 16%.
Costa diz que a redução do número de pessoas infectadas por doenças relacionadas ao saneamento é progressiva -eram a primeira causa de óbito até os anos 50. Há, porém, muito a fazer: a diarréia é responsável por quase 25% das internações de crianças de até cinco anos e representa 4,5% do total de internações.
O levantamento do IBGE também revela que o número de leitos caiu de 3,58 por mil habitantes em 1992 para 2,70 em 2002. Segundo o Ministério da Saúde, os motivos são o fim da internação psiquiátrica, a evolução da medicina (que resulta em menos internações) e a expansão de programas como o médico de família.

Espécies em extinção
O relatório do IBGE mostra que a biodiversidade brasileira, e por tabela seu potencial econômico, estão sob risco. O número de espécies de fauna terrestre sob alguma ameaça de extinção passou de 208 em 1989 para 398 em 2003, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Além da destruição dos ecossistemas, dois outros problemas colocam a biodioversidade em risco: o comércio ilegal de animais e a proliferação de espécies exóticas (não-originárias do lugar em que acabam se desenvolvendo), segundo Judicael Clevelario Júnior, do IBGE. (MV e PS).


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