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Livro lista os 627 bichos ameaçados de extinção
Risco maior está no cerrado e na mata atlântica
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em 20 anos, quase triplicou o
número de espécies da fauna
brasileira ameaçadas de extinção. Segundo lista concluída
em 2004, mas divulgada em
forma de livro ontem, existem
627 animais sob graus diferentes de risco de desaparecer, sobretudo na mata atlântica e no
cerrado. Os dois biomas concentram 78,3% das espécies
ameaçadas, mostra o "Livro
Vermelho" do governo.
A lista atinge mais de 10% dos
mamíferos conhecidos no Brasil, embora dois outros grupos
reúnam o maior número de espécies ameaçadas: os peixes e
(sobretudo) os animais invertebrados, como o besouro-de-chifre e a aranha-bode.
A inclusão de peixes e de
mais tipos de invertebrados na
lista das espécies em extinção
explica parte do crescimento.
Em 1989, eram 218 espécies
consideradas sob risco. De lá
para cá, 79 animais foram excluídos da lista, que abrigou
489 novas espécies. O avanço
da ciência explica parte da mudança na contabilidade.
"Esse número não triplicou
só por causa do aumento da degradação", disse ontem o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao lançar as 2.500 cópias do "Livro Vermelho".
A maior parte da edição será
encaminhada a escolas públicas e unidades de conservação
do país. "Elefante e girafa são
muito bonitinhos, mas só encontramos em zoológico, não
fazem parte da nossa fauna, que
é preciso conhecer", disse o ministro. "Atenção, esse Livro
Vermelho não é o do Mao Tsé-tung", brincou Minc, numa referência à coletânea de escritos
do ditador chinês.
Não há metas para a redução
do número de espécies ameaçadas nem prazo para a revisão
da lista. Mas, entre as medidas
destinadas a reduzir o risco sobre a fauna, Carlos Minc citou a
criação de novas unidades de
conservação, inclusive no mar,
objeto de muita polêmica dentro do governo.
Com mais de 900 páginas
distribuídas em dois volumes, o
"Livro Vermelho" descreve detalhadamente cada uma das espécies em extinção e aponta estratégias de conservação. No
caso do macaco Cebus kaaporis,
por exemplo, conhecido por
caiarara ou cairara, o texto registra a observação de exemplares na reserva biológica Gurupi, no Pará, área que enfrenta
"forte exploração madeireira".
A espécie é identificada como "criticamente em perigo"
-a mais grave das três categorias de ameaça de extinção-,
assim como a maioria dos mamíferos da lista. As outras categorias são "em perigo" e "vulnerável". A lista abarca ainda
animais já extintos e extintos
na natureza (que se reproduzem em cativeiro).
O Brasil disputa com a Indonésia o primeiro lugar em biodiversidade no planeta, embora conheça menos de 10% de
um total estimado em 1,8 milhão de espécies.
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