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Droga evita ganho de peso em roedores
Composto experimental aumenta gasto de energia e resistência aeróbica, diz estudo
Substância imita ação do
resveratrol, encontrado no
vinho tinto e considerado
benéfico à saúde; efeito só
é observado em altas doses
DA REDAÇÃO
Uma droga ainda em fase de
desenvolvimento que imita um
composto benéfico à saúde presente no vinho tinto pode ser
uma arma no futuro contra a
obesidade e o diabetes tipo 2,
afirmam cientistas europeus.
Em um estudo publicado ontem, eles mostram como o medicamento, inspirado em uma
molécula chamada resveratrol,
transformou camundongos de
laboratório em campeões de
maratona e protegeu-os contra
obesidade -mesmo quando
submetidos a uma dieta calórica, rica em gorduras.
O estudo, publicado ontem
no periódico científico "Cell
Metabolism", mostrou que a
droga SRT1720, da GlaxoSmithKline, é mil vezes mais eficaz que o resveratrol em ativar
a SIRT1, uma enzima que ajuda
os animais a queimar mais
energia e a baixar seus níveis de
insulina e de glicose.
A SIRT1, ou sirtuína 1, ajuda
os animais a viverem mais ao
reduzir a oxidação e outros processos metabólicos. Geralmente ela é ativada por restrição calórica, mas nos últimos anos os
cientistas têm tentado ativá-la
quimicamente.
No estudo, camundongos
que recebiam uma dieta gordurosa e tomavam a SRT1720 tinham seu organismo enganado
quimicamente. O corpo achava
que a comida era escassa mesmo quando ela era abundante, e
passava a queimar gordura
mais depressa. Normalmente,
essa queima acelerada de calorias no corpo acontece quando
os níveis de energia são baixos.
Além de aumentar a queima
de gordura, a droga aumentou a
resistência aeróbica dos animais, fazendo-os correr duas
vezes mais quando forçados.
"Nós estamos ativando as
mesmas enzimas que são ativadas quando as pessoas fazem
exercício", disse Peter Elliott,
vice-presidente da Sirtris Pharmaceuticals, uma unidade da
Glaxo que trabalha no desenvolvimento da droga.
O resveratrol é encontrado
em abundância no vinho tinto e
nas uvas, e acredita-se que ele
confira um grande número de
benefícios à saúde. Um estudo
anterior do mesmo grupo de
pesquisas mostrou que o composto baixava a insulina e os níveis de glicose em diabéticos.
Apesar de ele também agir na
sirtuína, sua ação em outros fatores do metabolismo havia
deixado margem a dúvidas sobre como ele funcionava, afirmou a "Cell Metabolism" em
comunicado à imprensa.
"Havia muita controvérsia
no campo", disse Johan Auwerx, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça), co-autor do estudo. "Nós descobrimos que a maior parte da biologia do resveratrol pode ser associada à SIRT1."
Interesse comercial
Apesar de trazer aparentemente poucos efeitos colaterais, a SRT1720 tem um problema: só funciona em altas doses.
Auwerx diz esperar que novas
versões da droga consigam superar esse obstáculo para poderem chegar ao mercado.
A Glaxo, no entanto, aposta
no futuro do tratamento: neste
ano, pagou US$ 720 milhões
pela Sirtris, ganhando no pacote várias drogas experimentais
desenvolvidas pela empresa,
sediada em Cambridge, EUA.
Um estudo clínico de fase 1
com uma molécula que simula
o resveratrol já foi feito e mostrou que o tratamento é seguro.
Com Reuters
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