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Supermicroscópio dobra alcance óptico
Instrumento criado por pesquisadores dos EUA e da Alemanha pode mapear estruturas no interior de células em 3-D
Nova técnica revela objetos com largura de um fio de cabelo dividida por 500; invenção deve chegar ao mercado no ano que vem
Lothar Schermelleh/Peter Carlton
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Mapeamento tridimensional de um núcleo celular de mamífero
DA REPORTAGEM LOCAL
Um nova tecnologia para microscópios permite dobrar a resolução desses equipamentos e,
com isso, os cientistas conseguem enxergar estruturas de
cerca de 100 nanômetros, a largura de um fio de cabelo dividida por 500. De quebra, a nova
técnica ainda permite produzir
imagens de alta resolução multicoloridas e tridimensionais,
que revelam detalhes de células
humanas nunca vistos por
equipamentos convencionais.
A invenção é apresentada hoje por Lothar Schermelleh, da
Universidade Ludwig Maximilians, em Munique (Alemanha), e seus colegas em estudo
na revista americana "Science"
(www.sciencemag.org). Os
cientistas divulgaram com o estudo um mapeamento 3-D do
núcleo de uma célula.
O equipamento descrito é
um microscópio de fluorescência -que marca as amostras
com moléculas de flúor. O novo
método de ampliação foi batizado de "microscopia tridimensional de iluminação estruturada" (3D-SIM). Uma das
inovações da técnica é que os
objetos a serem observados recebem uma iluminação de três
feixes de luz.
Com uma fonte de iluminação mais controlada, as informações da imagem são preservadas com uma resolução mais
alta, e esses "dados extras" podem ser decodificados para reconstruir detalhes específicos.
Uma limitação essencial na
microscopia óptica hoje é a baixa resolução em relação à escala das estruturas celulares. Os
melhores microscópios ópticos
têm resolução suficiente para
ampliar objetos que têm entre
200 e 300 nanômetros.
De acordo com Heinrich
Leonhardt, também da Universidade Ludwig Maximilians, o
instrumento será importante
principalmente no estudo da
"arquitetura das células".
"Muitas estruturas celulares
não podem ser estudadas com o
microscópio óptico convencional porque elas são menores do
que o limite da resolução", afirmou o pesquisador à Folha.
Microscópios eletrônicos
-que iluminam a amostra com
feixes de elétrons em vez de
luz- são muito mais poderosos, mas não permitem a observação de material vivo.
Preço sob consulta
Na opinião de Leonhardt, o
novo microscópio óptico, que
ainda não está no mercado,
"abre um novo mundo de possibilidades". "Agora, finas e
complexas estruturas macromoleculares podem ser estudadas diretamente. E é a combinação da alta resolução e de se
obter imagens multicoloridas e
em 3-D que torna esse microscópio único e tão valioso para a
biologia celular", diz.
Além de ajudar nas pesquisas
biomédicas ("você só consegue
estudar aquilo que vê ou mede", afirmou Leonhardt), o
equipamento pode ser útil na
investigação de mudanças durante o desenvolvimento e envelhecimento celular e também em casos de doenças.
O novo microscópio deve
chegar ao mercado no próximo
ano. O valor estimado dos primeiros exemplares do equipamento, entretanto, não foi divulgado. Os inventores afirmam que o novo microscópio
não é mais difícil de manusear
que o convencional.
(AFRA BALAZINA E RAFAEL GARCIA)
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