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Elite brasileira é ecologicamente inviável
Impacto de classes A e B sobre o ambiente no país é comparável ao dos EUA, mostra estudo de ONG
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No Dia Mundial do Meio Ambiente, a organização não-governamental WWF-Brasil divulgou pesquisa em que alerta:
se toda a população mundial
adotasse padrão de consumo
semelhante ao das classes A e B
brasileiras, seriam necessários
três planetas para suprir todos
os recursos utilizados.
De acordo com a pesquisa, a
elite brasileira tem hábitos insustentáveis ambientalmente e
exercem uma má influência ao
servir como modelo de aspiração de consumo para as classes
emergentes. "Afinal, todos querem ter e consumir como as
classes A e B", afirma Irineu Tamaio, coordenador do programa Educação para Sociedades
Sustentáveis do WWF.
Intitulado "Tendências e Hábitos do Consumo dos Brasileiros", o trabalho, realizado em
parceria com o Ibope, tem o objetivo de despertar a sociedade
e fazê-la pensar em mudanças
nos hábitos e padrões de consumo, afirma o WWF.
O Ibope realizou a pesquisa
em 142 municípios de todas as
unidades da Federação, no período entre os dias 13 e 18 de
maio. Foram entrevistadas
2.002 pessoas. A margem de erro, segundo o instituto, é de
dois pontos percentuais, para
mais ou para menos.
Carro e banho
Uma parcela de 13% dos entrevistados diz que o carro é o
único meio de transporte. E as
classes A e B gastam mais tempo no banho, também -mais
de 20 minutos, para 13%, segundo o levantamento do
WWF. Samuel Barreto, coordenador do programa Água para a
Vida do WWF, afirma que, se
esse tempo fosse reduzido pela
metade, poderia ser economizada água suficiente para abastecer, por um dia, uma cidade
com mais de seis milhões de habitantes (o município de São
Paulo tem 11 milhões).
"Isso, em uma projeção baixa, com um gasto por minuto
de três litros de água por pessoa", disse. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que cada habitante use
200 litros de água para higiene
pessoal, o que não inclui apenas
o banho. "As ações individuais,
se comparadas em escala, têm
impacto ambiental muito grande", completou.
O WWF, contudo, fez questão de ressaltar que não é contra o consumo em si, que ajuda
a aquecer a economia. "É preciso mudar o hábito. A informação é muito importante, pois
pequenas mudanças são essenciais para se chegar a um padrão sustentável", afirmou Denise Hamú, secretária-geral da
organização.
Segundo ela, é preciso investir nas mudanças dos hábitos
da população, principalmente
quando se analisa padrão de
consumo -cada vez mais crescente- dos quatro principais
países emergentes: Brasil, China, Rússia e Índia.
"Se continuarmos com esse
modelo, chegaremos ao colapso", resumiu Irineu Tamaio.
Se toda a população mundial
consumisse como a média dos
cidadãos dos Estados Unidos,
país que mais consome e que
ocupa o topo da lista de nações
insustentáveis do ponto de vista do consumo, seriam necessários cinco planetas. Os EUA
são, de longe, o maior emissor
per capita de gases do efeito estufa. Em contrapartida, se todos adotassem o padrão da Somália, na África, sobrariam recursos naturais e não seria necessário nem ao menos um planeta -o índice seria de 0,22.
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