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Desmatamento na Amazônia cai pelo 2º ano consecutivo
Segundo projeção do Inpe, queda em 2005-2006 é de 11%
em relação ao biênio anterior; Pará tem aumento de 50%
Dado consolidado para o
biênio 2004-2005 confirma
a queda de 31% estimada
no ano passado; para ONGs,
número ainda é alto demais
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Meio Ambiente anunciou ontem uma
estimativa de queda na taxa de
desmatamento da Amazônia
para o biênio 2005-2006, o que
deve acontecer pelo segundo
ano consecutivo.
Segundo os dados do programa Deter, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) que monitora em
tempo real a Amazônia e permite projeção de tendências, o
índice de desflorestamento de
agosto de 2005 a julho deste
ano deve apresentar uma redução de cerca de 11% em relação
ao período anterior -de agosto
de 2004 a julho de 2005 (veja
quadro à direita).
O Deter, no entanto, não é
usado para o cálculo oficial do
desmatamento. Isso cabe a outro sistema do Inpe, o Prodes. A
cifra consolidada do Prodes para o biênio 2004-2005, também divulgada ontem, confirmou o desmatamento de 18.793
km2, representando uma diminuição de 31,5% em relação ao
biênio anterior. A projeção anterior era de 18.900 km2.
A última queda confirmada
no índice havia ocorrido de
1995-1996 para 1996-1997,
quando o volume de floresta
derrubada caíra 27%.
Com isso, a Amazônia acumula 699.625 km2 de área devastada, o que representa
17,5% do total da floresta. É um
território pouco maior que Minas Gerais, Espírito Santo e Rio
de Janeiro juntos.
A ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) voltou a comemorar a redução de 31,5%,
já prevista em 2005, chamando-a de "altamente significativa". Ao comentar a tendência
do biênio, completou: "Mostra
que não é queda episódica nem
espasmódica. A situação começa a ter governança, e a decisão
é não baixar a guarda".
Comando e controle
Entre os motivos para esse
resultado, o governo aponta o
aumento das multas e da fiscalização -com 13 operações
conjuntas da Polícia Federal e
Ibama desde 2003-, além da
criação de mais 194.404 km2 de
unidades de conservação federais, o equivalente ao Paraná.
Também aparecem na lista a
homologação de 93 mil km2 de
terras indígenas e a limitação
administrativa às margens da
BR-163 (Cuiabá-Santarém).
Na soma das ações da PF já
está contabilizada a realizada
ontem e batizada de Operação
Daniel (leia texto abaixo).
O secretário de Biodiversidade e Florestas do ministério,
João Paulo Capobianco, diz
que, com as projeções de queda
para o biênio 2005-2006, a
área derrubada deve variar de
cerca de 16.700 km2 a 18.700
km2, em um pior cenário.
Dos três Estados que mais
despertam preocupação, já que
são responsáveis por mais de
85% da área derrubada na
Amazônia Legal nos últimos
estudos, Mato Grosso foi o que
apresentou melhor resultado.
Teve uma queda de 40% no índice confirmado para o biênio
2004-2005 e mantém a tendência de redução na casa dos
34% para 2005-2006.
Parte da queda pode ser explicada pela crise do agronegócio de 2005, que freou o ímpeto
dos sojicultores locais.
Já o Pará, apesar de ter apresentado queda de 32% no biênio 2004-2005, aparece nas
projeções do sistema Deter
com aumento do desmate.
"Isso preocupa porque mostra que a degradação está se
movendo para outras áreas no
Estado", afirma Capobianco.
Entre as áreas onde o desmatamento voltou a acontecer no
Pará está a divisa com o Maranhão, onde existe derrubada
para a produção de lenha para
siderúrgicas, e o eixo da BR-163, cuja margem esquerda havia sido objeto de limitação administrativa provisória. Com o
fim da interdição, no ano passado, o desmate voltou.
A ministra Marina Silva fala
em "acirramento da ação predatória" em regiões da Amazônia Legal, porém diz que o poder público vem dando "resposta incisiva" ao problema.
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