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Lasca de trombada cósmica matou os dinos, diz estudo
Colisão entre asteróides ocorrida há 160 milhões de anos produziu bólido que causaria extinção há 65 milhões de anos
Trio dos EUA e da República
Tcheca diz estar 90% certo
de ter achado "assassino';
destino dos répteis estava
selado no auge da evolução
DA REDAÇÃO
O destino trágico dos dinossauros estava selado muito antes que a maioria deles tivesse
sequer chegado a aparecer. Um
estudo publicado hoje revela
que o asteróide que eliminou os
grandes répteis há 65 milhões
de anos foi resultado de um
evento cósmico ocorrido 160
milhões de anos atrás.
Naquela época, quando os dinos começavam a conquistar o
planeta, uma rocha de 60 quilômetros de diâmetro bateu em
outra com três vezes esse tamanho em algum lugar entre as órbitas de Marte e Júpiter. O impacto esfacelou o pedregulho
maior, lançando milhares de
lascas pelo espaço.
Esse evento casual teve conseqüências profundas para a
história da Terra. Uma dessas
lascas, com cerca de 10 quilômetros de diâmetro, passou 95
milhões de anos vagando pelo
Sistema Solar, até ser atraída
pela gravidade terrestre e despencar sobre a península de
Yucatán, no México.
O bólido abriu uma cratera
de 200 quilômetros, causou um
tsunami de um quilômetro de
altura, incêndios em continentes inteiros, um inverno nuclear e depois um efeito estufa
colossal. O choque exterminou
mais de metade das espécies do
planeta, numa das maiores hecatombes da história da vida.
Muitos cientistas acreditam
que a colisão, que encerrou o
Período Cretáceo e a era dos dinossauros, abriu mais tarde o
caminho para o triunfo evolutivo dos mamíferos -nós.
Os cientistas já haviam reconstruído a tragédia ocorrida
na Terra com uma precisão razoável. No entanto, até agora a
identidade do assassino dos dinossauros permanecia desconhecida. Na edição de hoje da
revista científica "Nature"
(www.nature.com), um trio
de astrônomos apresenta a
possível solução do mistério: o
choque de 160 milhões de anos
atrás, que criou a chamada família de asteróides Baptistina,
produziu a pedra letal.
"Famiglia" fatal
Usando um modelo de computador, o americano William
Bottke e os tchecos David Vokorouhlicky e David Nesvorny
calcularam que há 90% de
chance de um dos membros
dessa família de pedregulhos
espaciais ter se desgarrado de
sua órbita e produzido a cratera
de Chicxulub -onde, acredita-se, tenha caído o bólido do Cretáceo. Não só isso: há também
70% de chance de outro fragmento da mesma família ter
formado a cratera de Tycho
(aquele "umbigo" da Lua, que
pode ser visto da Terra com um
bom par de binóculos). E 80%
de chance de que algum Baptistina delinqüente tenha aberto
rombos em Vênus e Marte.
"Acho que eles apresentam
evidências muito interessantes
e uma argumentação sólida",
disse o astrônomo Richard Binzel, do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts, EUA, especialista em meteoritos.
Os cientistas usaram computadores para reconstituir a órbita dos milhares de asteróides
da família Baptistina até o momento de sua formação.
Um fato que ajudou a relacionar um Baptistina com o cataclismo do Cretáceo foi o fato de
essa família ser de um tipo raro,
conhecido como condritos carbonáceos, ricos em água e materiais orgânicos.
"Das oito crateras na Terra
que têm mais de 1 quilômetro
de diâmetro (implicando um
projétil de mais de 50 metros
de comprimento) e menos de
200 milhões de anos de idade e
cuja composição foi identificada, Chicxulub é a única formada por um condrito carbonáceo", escreveram em comentário ao estudo na "Nature" os astrônomos Philippe Claeys e
Steven Goderis, da Universidade Vrije, na Bélgica.
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