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Relatório da ONU propõe "CPMF do clima"
Grupo nomeado por Ban Ki-moon quer taxar transações para combater aquecimento
Mary Altaffer/Associated Press
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Mega investidor George Soros, do painel de especialistas
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Não foi só no Brasil que a
CPMF voltou à baila. Um relatório da ONU propôs a criação de um imposto internacional sobre movimentações
financeiras como forma de
patrocinar o combate à mudança climática.
O documento foi entregue
ontem ao secretário-geral,
Ban Ki-moon, por um painel
de especialistas integrado
pelo megainvestidor George
Soros e pelo conselheiro econômico da Casa Branca,
Larry Summers, ex-reitor da
Universidade Harvard.
Em fevereiro, a equipe foi
encarregada por Ban de encontrar fontes de verba para
que os países ricos cumpram
sua promessa de levantar
US$ 100 bilhões por ano a
partir de 2020 para combater
as emissões de carbono e ajudar os países pobres a se
adaptarem ao clima.
A promessa foi feita na cúpula do clima de Copenhague, no ano passado.
O painel diz que bancar a
luta contra o aquecimento é
"financeiramente factível e
politicamente viável".
Porém, "será necessária
uma vontade política consistente", declarou Ban ao receber o relatório dos chefes do
grupo, o premiê etíope Meles
Zenawi e seu colega norueguês Jens Stoltenberg.
Segundo Stoltenberg, o
grupo chegou a três conclusões: primeiro, será preciso
colocar um preço nas emissões de CO2, principal gás-estufa, da ordem de US$ 25 a tonelada. Depois, "novos instrumentos de financiamento
público poderiam levantar
dezenas de bilhões de dólares por ano".
BILHÕES E BILHÕES
Entre eles está uma CPMF
internacional, que contribuiria com até US$ 27 bilhões;
impostos nacionais sobre
CO2 nos países ricos, que poderiam gerar US$ 10 bilhões
ao ano; e impostos sobre
transporte marítimo e aéreo,
que poderiam gerar mais
US$ 10 bilhões.
Por fim, o setor privado deverá gerar grande parte da
verba, com investimentos
amortizados por bancos de
desenvolvimento.
"Os países ricos não têm
mais desculpa para adiarem
o compromisso [de contribuir]", afirmou Steve Herz,
do Greenpeace.
A ONG Amigos da Terra,
porém, criticou o relatório
por enfatizar demais o papel
do setor privado.
As conclusões chegam
num momento ruim para o
governo dos EUA: Summers,
afinal, é assessor de Barack
Obama e defende impostos
sobre o CO2 na semana da vitória republicana no Congresso. Qualquer mecanismo
de financiamento do clima
depende dos EUA.
"Não acho que o governo
vá varrer o relatório para debaixo do tapete", diz Herz.
"Eles fizeram uma promessa
em Copenhague. E este é um
compromisso que vai além
desta legislatura."
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