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Sonda detecta anel em Rea, lua de Saturno
Estrutura é a primeira do tipo vista num satélite natural; estudo dá pista sobre formação de planetas
DA REUTERS
Um grupo de astrônomos obteve, pela primeira vez, o indício de que podem existir anéis
ao redor de um satélite natural.
A segunda maior lua de Saturno, Rea, deve possuir o tipo de
formação que existe em maior
escala no próprio planeta em
torno da qual ela gira.
Os cientistas, que fizeram a
descoberta analisando imagens
recolhidas pela sonda americana Cassini, da Nasa, publicam
hoje um estudo sobre o achado
na revista americana "Science"
(www.sciencemag.org). Os
autores afirmam que o trabalho ajudará a entender melhor
como os planetas se formam.
Os quatro maiores planetas do
Sistema Solar -Júpiter, Saturno, Urano e Netuno- têm
anéis, e a Terra provavelmente
teve os seus antes de adquirir a
Lua tal qual a conhecemos.
"Todos os planetas, quando
estavam sendo formados, provavelmente tiveram anéis em
diferentes momentos", diz Geraint Jones, astrônomo da Sociedade Max Planck, da Alemanha, um dos autores do novo
estudo. "É fascinante achar um
possível [anel] que ainda existe
nos nossos dias em um corpo
pequeno como Rea."
Segundo o pesquisador, a característica dessa lua que denunciou a provável presença de
anéis foi o fato de a Cassini não
ter conseguido detectar muitos
elétrons ao seu redor.
Rea fica dentro do campo
magnético produzido por Saturno, que aprisiona elétrons e
íons (partículas eletricamente
carregadas). Por causa disso, os
pesquisadores esperavam ver
um rastro de elétrons perto da
superfície da lua, à medida que
ela os fosse absorvendo. Mas
não foi o que aconteceu.
Os elétrons, afirmam os
cientistas, desapareciam muito
aquém do esperado, como se
algo os estivesse bloqueando.
Um anel de poeira e pedregulhos é a explicação mais plausível para o fenômeno, diz Jones.
"Há evidência de que algo está absorvendo elétrons ao redor dessa lua", diz o astrônomo. "Um disco de fragmentos
ao redor dessa lua é a explicação mais simples que podemos
obter e que se encaixa nos dados que nós temos."
O anel provavelmente se formou quando um corpo menor
se chocou com Rea. O impacto
teria levantado uma trilha de
escombros que começou a orbitar a lua, diz Iannis Dandouras, cientista planetário no
CNRS (Centro Nacional de
Pesquisa Científica) da França,
que também assina o estudo na
"Science".
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