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Kac afirma
que acordo
foi rompido
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O artista brasileiro Eduardo
Kac, que em 1997 implantou
um chip no calcanhar durante
performance, em São Paulo,
tem como marca de sua obra o
diálogo entre "ser tecnológico e
ser vivo". Mas a distinção some
no caso de animais transgênicos, pois ambos se misturam.
Para Kac, portanto, é importante a integração social dos
produtos dessas tecnologias.
Em 1998, o artista pensou em
começar o trabalho com um
coelho transgênico. Entrou em
contato com Louis-Marie Houdebine, na França, cientista em
cujo laboratório são produzidos vários desse animais para
fins experimentais.
O coelho de Kac, porém, era
diferente. Enquanto animais
transgênicos tradicionais (o
primeiro coelho transgênico é
de 1985) possuem o gene alterado apenas em alguns tecidos,
o coelho de Kac tem o gene em
todas as suas células.
Esse tipo de coelho não tem
tanta importância científica,
uma vez que normalmente o
interesse está em coelhos com
alterações locais, para o estudo
de proteínas específicas. Alba,
segundo Kac, foi concebida
apenas para ser criada com ele
e sua família na casa de Chicago, onde trabalha como professor do Instituto de Arte da cidade.
"Queríamos trazer Alba para
o convívio social e iniciar um
diálogo sobre a tecnologia em
diferentes setores da sociedade", diz Kac.
Ele ressalta que desde o começo da conversa com o cientista estava acertada a transferência da coelha para a casa do
artista, que iria criá-la.
"Mas os superiores de Houdebine parecem não entender.
Admiro-o e mantenho contato
com ele, mas infelizmente a
chefia do laboratório não permitiu a saída do animal, que
permaneceu em Jouy-en-Josas,
onde fica o laboratório", diz.
Kac contesta a reportagem
do jornal "Le Monde", que afirma que o animal teria sido
apresentado em Avignon,
França. "Alba nunca saiu da
sua cidade." O artista afirma
que não pretende entrar na Justiça "pela custódia da filha",
pois quer manter o diálogo. Segundo Kac, Alba estaria melhor com ele e sua família. A
coelha continua na França.
Kac é criador de "Gênesis",
obra em que uma frase bíblica
foi traduzida para código genético. A sequência foi inserida
em bactérias e sofreu mutações
por luz ultravioleta, sendo depois retraduzida para a língua.
(LUCIANO G. BURATTO)
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