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+ Marcelo Leite
Nome e renome
Butantan lidera ranking que
mede ciência com relevância
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Existem no Brasil 27 instituições
cujos pesquisadores publicaram
pelo menos cem artigos em periódicos científicos internacionais de
primeira linha, como "Nature" ou
"Science", em 2005.
Segundo levantamento de Rogério
Meneghini na base de dados Web of
Science, duas universidades paulistas
estão no topo da lista: USP (4.170 artigos) e Unicamp (1.569).
Nada de muito novo aí. Todo mundo sabe que USP e Unicamp ocupam a
linha de frente, ao lado de UFRJ
(1.267 artigos), Unesp (1.166), UFRGS
(971) e UFMG (875), para ficar na casa
do milhar. Quantidade de produção,
porém, não é o único indicador de excelência acadêmica.
Meneghini estuda esses indicadores
há anos e se tornou um especialista
em "cientometria", como se diz. Ele
pesquisou também o impacto desses
artigos todos, medido pelo número de
citações que angariaram. O raciocínio
é que as contribuições científicas mais
importantes são também aquelas que
outros pesquisadores incluem nas
suas notas de rodapé.
Com base nas duas quantidades,
Meneghini obteve a média de citações
por artigo em cada instituição, um indicador razoável de sua capacidade de
produzir ciência relevante. Neste caso, o ranking se altera consideravelmente. Em primeiro lugar aparece
agora o Instituto Butantan, de São
Paulo, cujos 135 artigos do ano 2005
geraram até o mês passado um total
de 408 menções (média de 3,02 citações por trabalho).
Em seguida vêm Unifesp (2,94),
USP (2,89) e -surpresa- UFSM
(2,80). Já ouviu falar? Universidade
Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. De lá saíram 267 artigos em
2005, mais que do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, com
214) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz, com 229), nomes com os quais o
leitor deve estar mais familiarizado.
Por falar em nomes, não é de todo
improvável que as instituições mencionadas venham a questionar o levantamento com cifras divergentes
obtidas na mesma Web of Science. Bases de dados são bases de dados
-computadores e programas que só
localizam aquilo que o freguês mandar procurar. Se pesquisar "Univ São
Paulo", vai dar com 3.689 artigos; se
"USP", com 561.
Se a soma 4.250 -e não 4.170, como
no primeiro parágrafo- soa estranha,
mais estranha ainda é a razão por trás
dela: a instituição pode aparecer de
maneira diversa na afiliação institucional indicada pelos autores de um
mesmo artigo. Nem eles se preocuparam em padronizar a referência, nem
os revisores do periódico corrigiram a
discrepância óbvia.
No caso da Unicamp, Meneghini arriscou três grafias: "Unicamp" (692
artigos), "Univ Estadual Campinas"
(1.080) e "State Univ Campinas"
(241). É pouco provável que rankings
internacionais, como o da Universidade Jiao Tong de Xangai incensado pela revista "Economist", levem em conta essas variantes nos nomes, prejudicando o renome, ou pelo menos a visibilidade, das instituições brasileiras.
Com seus 4.170 artigos em 2005, a
USP não chega nem aos pés da campeã norte-americana Harvard (9.003
trabalhos). Tampouco chega a fazer
feio diante da vice britânica Cambridge (4.748).
Sua média de 2,89 citações por artigo, porém, não alcança um terço da de
Harvard (9,91). Tal escore foi obtido
com quase 90 mil menções na literatura científica à usina acadêmica instalada às margens do rio Charles, em Cambridge, Massachusetts (EUA). É
mais que o dobro de todas as 27 do
ranking nacional -juntas. Com o nome que for.
MARCELO LEITE é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Clones Demais" e "O Resgate das Cobaias", da série de ficção infanto-juvenil Ciência em
Dia (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia ( www.cienciaemdia.zip.net ). E-mail: cienciaemdia@uol.com.br
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