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Vencedores discordam sobre prazo para vacina contra a Aids
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois laureados com o Nobel de medicina anunciado ontem discordam sobre o futuro
das pesquisas de uma vacina
eficaz contra a Aids.
Para o francês Luc Montagnier, o desenvolvimento de um
método terapêutico, em vez de
uma vacina que seja apenas
preventiva -o que em tese poderia ser até mais fácil fazer-,
poderá ser publicado em três
ou quatro anos.
Para Francoise Barré-Sinoussi, também vencedora do
Nobel ao lado de Montagnier, o
surgimento de uma vacina é algo muito mais complexo.
"Nós fomos muito ingênuos
[quando o vírus foi identificado
há 25 anos, por ela]. O que eu
posso dizer é que até hoje só vimos uma série de insucessos",
afirmou ontem a pesquisadora
do Instituto Pasteur, que está
no Camboja (sudeste da Ásia)
fazendo pesquisas de campo.
Segundo a mais nova laureada com o Nobel de Medicina,
todos esperavam nos anos 80
que o surgimento de uma vacina seria relativamente rápido.
Otimismo cauteloso
Convicto de que o prêmio
Nobel está nas mãos certas, o
pesquisador brasileiro Esper
Kallás, da Unifesp, concorda
mais com Barré-Sinoussi.
"Acho que é ela quem está certa", afirmou o infectologista,
que já coordenou os testes de
uma vacina contra Aids no Brasil. A pesquisa, feita em vários
países, acabou suspensa porque o medicamento não impediu a passagem do vírus. Voluntários foram contaminados
mesmo após a vacinação.
Para Kallás, que considera
Barré-Sinoussi uma extraordinária pesquisadora ("a que
sempre colocou a mão na massa e efetivamente estudou o vírus"), a falta de uma perspectiva a curto prazo não pode ser
motivo de desânimo para a comunidade científica que tenta
domar a infecção por HIV.
Um Nobel como esse até que
revigora a área, disse o cientista. "Temos de trabalhar muito.
Com respeito, mas também
com otimismo. Sempre pensando que em algum momento
as pesquisas que estamos fazendo hoje vão dar certo."
Tanto o pesquisador brasileiro quanto a cientista francesa
concordam que a grande dificuldade para a produção de
uma vacina eficiente contra o
HIV está na pesquisa básica.
A interação entre vírus e células humanas -a descoberta
premiada agora pelo comitê do
Nobel- é bastante complexa.
"Temos de aprender ainda
mais sobre o HIV", diz Kallás.
Com agências internacionais
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