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Amaral nega apoio à bomba atômica
DO ENVIADO A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Ciência e Tecnologia negou ontem que tenha dito
que o Brasil deve desenvolver tecnologia para fazer bombas atômicas. A declaração, que teria sido
dada em entrevista à rede britânica BBC, quase causou um incidente diplomático ao ser reproduzida pela imprensa brasileira.
"Esse assunto está encerrado",
disse Amaral ontem. "Foi um
mal-entendido, má-fé. Nunca falei em bomba atômica."
O ministro defendeu, na entrevista, que o país desenvolvesse
tecnologia nuclear, principalmente para a medicina e para a
geração de energia. Esclareceu
que, como signatário de tratados
de não-proliferação de armas nucleares, o país não pode construir
armas atômicas.
"A ciência é a mesma. O que difere é a aplicação. A nossa prioridade são radioisótopos, por
exemplo, são 2 milhões de brasileiros que se beneficiam com isso,
é a área de pesquisa de alimentos,
produtividade. Essas são as prioridades do Brasil."
"Quando você está desenvolvendo um computador, quer fazer computador de maior capacidade. Para fazer o quê? Se ele vai
ser usado na indústria química,
nuclear ou submarina é outra coisa. Mas nós devemos ter capacidade de construir o nosso supercomputador. A questão é só e
simplesmente essa."
Opinião convergente
O pensamento foi ecoado pelo
físico nuclear e futuro presidente
da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa.
Ele disse ontem no Rio que o Brasil não deve desenvolver tecnologia para a bomba atômica. Mas
defendeu, como o ministro, que o
país detenha a tecnologia nuclear
para outros fins, como, por exemplo, a geração de energia elétrica.
Para Pinguelli Rosa, o ministro
foi mal interpretado em suas declarações sobre o Brasil vir a desenvolver a bomba atômica.
"A Constituição proíbe a bomba nuclear, e o governo Fernando
Henrique Cardoso cumpriu isso à
risca. O fato é que o Brasil não vai
fazer jamais a bomba atômica."
Pinguelli Rosa lembrou ainda
que os tratados de não-proliferação de armas impedem o Brasil de
desenvolver a tecnologia para a
bomba. Além disso, segundo ele,
o país realiza o enriquecimento de
urânio de baixo teor, que é impróprio para a fabricação de armas.
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